O timing para o lançamento da Vivid Money não podia ter sido mais caótico – em pleno período de pandemia. O projeto que estava a ser desenhado desde o final de 2019 só foi oficialmente lançado em junho de 2020. Mas apesar do panorama teoricamente menos favorável, a superaplicação financeira Vivid conseguiu conquistar 100 mil clientes, em apenas oito meses, nos quatro países em que foi lançada: Alemanha, Espanha, França e Itália. Agora, segue-se Portugal.
“Tivemos bastante sucesso com a expansão para diferentes mercados e estamos muito orgulhosos do que conseguimos atingir”, congratula-se Alexander Emeshev, cofundador da Vivid Money, em entrevista à Exame Informática. “Esperamos o mesmo interesse aqui em Portugal”, acrescentou.
A aposta no mercado português acontece quase três meses depois de a empresa sediada na Alemanha ter conseguido uma ronda de investimento de 60 milhões de euros, o que coloca o valor da startup nos 360 milhões de euros. E como os utilizadores portugueses têm respondido bem ao aparecimento de novos serviços financeiros – desde bancos digitais, criptomoedas e até às aplicações de investimento –, este foi um passo lógico para a Vivid.
“Ficaríamos felizes se conseguíssemos 100 mil utilizadores nos primeiros doze meses”, adianta o empreendedor russo sobre as expectativas para o mercado português. Mas mais do que atrair um número específico de clientes, a grande ambição de Alexander Emeshev é outra: ajudar os utilizadores a rentabilizar o dinheiro.
Combater o dinheiro ‘parado’
“Se olhares para o que temos agora, as pessoas estão a ver o seu dinheiro a desaparecer. Eu detesto este sentimento de que tens o dinheiro na tua conta e eles dão-te 0,00000 qualquer coisa por cento, anualmente. Parece que estão a brincar contigo. Não pode ser assim. (…) E vais pagar comissões, gestão de conta, levantamentos em dinheiro. Para ser sincero, é um problema muito óbvio”, sublinha o responsável da Vivid.
E isso explica o porquê de apesar das muitas funcionalidades que a Vivid disponibiliza, a componente de investimento em ações, criptomoedas e fundos de investimento cotados acabar por ser o grande foco da aplicação.
“Queremos trazer esta simplicidade de ganhares dinheiro com o mercado. E se quiseres investir apenas cinco euros? Podes não querer arriscar com 100 euros. Tentas com cinco euros e vês se correu bem, se tomaste a decisão certa. Esta é a área em que os clientes podem ganhar alguma coisa com o seu próprio dinheiro”, acrescentou.
A tecnológica alemã está consciente de que por muito simples que seja o funcionamento das aplicações de investimento, os montantes mínimos de investimento são uma barreira para os novos investidores. Quer comprar uma ação da Apple? São mais de 120 euros. E se for da Tesla, então já são cerca de 550 euros. A resposta para este problema? Investimentos fracionados.
“[Na Vivid] Se tiveres um euro e quiseres diversificar esse euro, entre diferentes criptomoedas, ações ou ETF, podes fazê-lo facilmente. Quero dizer, pode não fazer muito sentido, mas a decisão é tua”, remata Alexander Emeshev. O cofundador da Vivid diz mesmo que os utilizadores podem fazer investimentos de apenas um cêntimo através da aplicação.
Além de disponibilizar conteúdos focados em literacia financeira, para ajudar os utilizadores a perceberem melhor a lógica de compra e venda de ações ou criptomoedas – segundo a Vivid, os conteúdos vão ser disponibilizados em português no futuro –, a empresa também opta por não disponibilizar opções avançadas de investimento na app, como a alavancagem de ações.
Segundo Alexander Emeshev, a aplicação Vivid é destinada acima de tudo ao segmento dos jovens adultos, entre os 25 e os 35 anos, que trabalham, têm rendimentos regulares e poupanças para investir. “A maioria dos nossos clientes nunca fizeram investimentos [antes da Vivid]”.