Mark Zuckerberg disse numa reunião interna esta terça-feira que a decisão da Facebook foi difícil, mas que foi tomada depois de um processo bastante exaustivo e que a apoiava. As declarações foram ouvidas num áudio a que o New York Times teve acesso e a reunião decorreu um dia depois de centenas de funcionários terem parado de trabalhar como forma de protesto contra a inação da Facebook.
Estas reações surgem numa altura de revolução nas ruas dos EUA, onde milhares protestam contra a violência policial e o racismo, depois do episódio que levou à morte de George Floyd, cuja detenção foi filmada e colocada online e onde vemos o homem deitado no chão, com um joelho no pescoço a queixar-se de que não consegue respirar durante nove minutos. As manifestações nem sempre têm sido pacíficas, havendo lugar a pilhagens, destruição de propriedade e confrontos com a polícia.
À luz destas manifestações, Trump escreveu uma mensagem no seu perfil de Twitter e do Facebook (‘when the looting starts, the shooting starts’, que pode ser traduzido por ‘quando começam as pilhagens, começa-se a disparar’ e interpretado como um apelo à violência). O Twitter assinalou a mensagem como estando a violar a política sobre glorificação da violência, mas deixou-a pública com essa nota e como exceção de interesse público. Por outro lado, o Facebook não teve uma postura semelhante, deixou a mensagem publicada e, algumas horas mais tarde, Zuckerberg escreveu que apesar de a mensagem ser “ofensiva”, não violava qualquer política de conteúdo da rede social.
Zuckerberg defende que a publicação de Trump referia-se à Guarda Nacional e que a rede social interpreta-a como sendo um aviso sobre a ação do Estado. Por outro lado, o presidente dos EUA também veio a público mais tarde referir que a sua publicação era um aviso sobre a violência que poderia ser gerada com as pilhagens.
“Discussões abertas e honestas sempre foram parte da cultura da Facebook. O Mark teve uma conversa aberta com os funcionários hoje, como tem feito regularmente ao longo dos anos”, explica um comunicado da Facebook.
Os funcionários da empresa estão divididos com o rumo que a Direção tem tomado. Ao Business Insider, um funcionário confirmou que tecnicamente a empresa terá aplicado bem as suas políticas ao deixar a publicação de Trump ‘no ar’. No entanto, este mesmo especialista reconhece que há uma questão maior em torno do assunto sobre se as políticas estarão ajustadas.
Muitos empregados têm revelado no Twitter que estão a entregar as suas cartas de cessação de contrato, por não se reverem nesta postura da empresa. A Facebook conta com mais de 48 mil empregados em todo o mundo e não se sabe quantos se terão despedido por causa desta situação.