A Comissão Europeia acaba de anunciar a constituição de uma empresa que terá por missão criar uma infraestrutura de alto desempenho disponível para os 27 estados-membros. A empresa, que é denominada de EuroHPC, vai exigir um investimento de cerca de mil milhões de euros.
O investimento da Comissão Europeia deverá incidir na compra de dois supercomputadores de «craveira mundial», que deverão ter a capacidade para executar 100 mil biliões de operações por segundo, e ainda duas máquinas de capacidade intermédia que terão a capacidade para executar 10 mil biliões de operações por segundo.
A Comissão Europeia pretende ainda que a nova empresa invista em tecnologias “made in UE” para criar, entre 2022 e 2023, sistemas computacionais capazes de superar os supercomputadores atuais, com a execução de um trilião de operações por segundo. Para alcançar este último objetivo, o projeto agora anunciado deverá implicar o desenvolvimento da «primeira geração europeia de tecnologia de microprocessadores de baixo consumo energético», «a conceção colaborativa de máquinas à exaescala europeias»; e ainda o «fomento de aplicações».
A empresa tem um período de funcionamento predefinido que vai de 2019 a 2026. «A contribuição da UE para a EuroHPC será de cerca de 486 milhões de EUR no âmbito do atual Quadro Financeiro Plurianual, a que acrescerão as contribuições dos Estados-Membros e de países associados, de montante total semelhante. Globalmente, até 2020, o investimento público ascenderá a cerca de mil milhões de EUR, a que se juntarão contribuições em espécie das entidades privadas participantes na iniciativa», explica um comunicado da Comissão Europeia.
Com este investimento, a UE pretende dar um primeiro passo para recuperar do atraso face aos EUA e China, que hoje lideram, a grande distância, o ranking dos supercomputadores mais poderosos do mundo (o famoso Top500). «Cada vez mais, a indústria e os cientistas europeus tratam os seus dados fora da UE, porque a capacidade de computação disponível na União não é suficiente para satisfazer as suas necessidades de cálculo. Esta falta de independência compromete a privacidade, a proteção dos dados, os segredos comerciais e a propriedade dos dados, em particular os das aplicações sensíveis», acrescenta o comunicado da Comissão Europeia.
Carlos Moedas, Comissário Europeu com a pasta da Inovação, recorda que não é por acaso que este é um investimento conjunto: «Nenhum país, nenhuma universidade, nenhuma empresa sozinha conseguiria fazer o que estamos a fazer aqui, hoje. Os supercomputadores vão revolucionar a aprendizagem automática, o dito ‘machine learning’, e essa aprendizagem vai revolucionar a própria ciência. E acredito que esta iniciativa pode multiplicar os efeitos e resultados de um programa fantástico como o Horizonte 2020»