O que é que a informática contribui para a felicidade de uma pessoa? Miguel Mira Silva, professor responsável pelas relações externas do Departamento de Informática do Técnico, dá uma resposta ao mesmo tempo que explica o motivo de lançamento do CoderDojo no Técnico: «Se conseguirmos convencer mais jovens a inscreverem-se em cursos de informática, estaremos a ajudar a tornar mais pessoas felizes, que terão um emprego, bom ordenado, e possibilidade de viajar durante as férias». Para os primeiros interessados, o caminho para a felicidade pode começar a ser traçado no dia 10 de janeiro, sábado. A iniciativa repete-se todos os primeiros sábados de cada mês para um máximo de 40 jovens do 8º ao 11º anos de escolaridade.
A iniciativa CoderDojo no Técnico surgiu por proposta dos alunos no âmbito da cadeira de Portefólios. Na memória dos alunos do curso de informática mantinha-se a boa experiência alcançada com a Escola de Verão com cerca de 300 adolescentes do 8 ao 11º anos. «Descobrimos nessa altura que muitas crianças nem sequer sabiam que era possível programar um computador», explica Miguel Mira Silva, enaltecendo a importância das iniciativas de sensibilização com mais uma tendência que apurou ao longo dos anos de docência: «se perguntarmos aos alunos que acabam de entrar na universidade por que é que escolheram informática, descobrimos que a maioria foi influenciada por um irmão, um primo ou amigo que lhes ensinou alguma coisa».
Os alunos do Técnico querem não só chegar aos jovens que já contam com o incentivos de amigos e familiares como a todos os outros que nunca tiveram um “empurrãozinho” para a informática.
Os mentores do projeto acreditam que, na primeira sessão de três horas (das 15h00 às 18h00), não apareçam mais de 10 ou 20 jovens, mas a ideia é que, nas sessões futuras, possam ser formados dois grupos de 20 potenciais “informáticos” divididos entre alunos do 8º e 9º anos e alunos dos 10º e dos 11º anos. Podem inscrever-se alunos de todas as escolas do País.
Durante as sessões de divulgação, os alunos serão incentivados a responder a desafios e a realizar alguns exercícios relacionados com programação. Além da plataforma de programação Scratch, os jovens poderão ainda trabalhar com robôs da Lego.
Miguel Mira Silva nega que o Técnico justifica a iniciativa de divulgação com a necessidade de antecipar a captação de talentos para uma idade em que a escolhas das áreas de estudo ainda está em aberto. «Reparámos que as iniciativas de divulgação dirigidas para os alunos do 10º e 11º anos podem já chegar tarde de mais, uma vez que, nessa altura, os alunos já escolheram as áreas de estudo… sendo que apenas 20% escolhem a área das engenharias».
O professor do Departamento de Informática faz alguns cálculos, mais ou menos informais, que ajudam a ilustrar a potencial carreira que um jovem poderá encontrar caso enverede por um curso de informática: «Apenas 1 em cada 10 alunos que vão para as áreas da engenharia escolhem cursos de informática. Mesmo que a cada ano que passa sejam formados 1000 engenheiros informáticos esse número continua muito longe dos 8000 vagas que alguns estudos dizem que, atualmente, estão por preencher em Portugal».