
Luís Sousa, presidente da Associação Portuguesa de Software (Assoft), junta-se às vozes que questionam os sucessivos contratos de compra de software por ajuste direto na AT: «O ajuste direto tem uma baliza de valores para evitar abusos. Se não há tecnologia adequada para um determinado projeto, então faça-se um concurso».
O presidente da associação de produtores de software questiona o contributo que os sucessivos contratos por ajuste direto podem ter na «transparência» dos investimentos da AT, e admite que, no final, o Estado tenha acabado por pagar mais do que pagaria, caso tivesse optado «por um plano diretor ou um caderno de encargos», que permitissem planear os diferentes investimentos.
«Se uma entidade do Estado gastou, por ajuste direto, 30 milhões em ano e meio, é porque, provavelmente, há várias regras que estão a ser cobradas. Está em curso um acordo-quadro para a seleção de fornecedores… e eu pergunto: significa isto que vão ser gastos mais 30 milhões de euros ou será que se vai fazer um acordo-quadro apenas para saber como vão ser gastos mais um ou dois milhões?», sublinha Luís Sousa.
As críticas do líder da Assoft estendem-se ainda ao caráter sigiloso e de «segurança de Estado» que foi invocado em 60 dos 267 contratos de compra de software e derivados que a AT firmou por ajuste direto entre 2013 e o final de maio de 2014.
Pelo contrário, o facto de dois terços do valor total dos ajustes diretos não merece grandes reparos por parte do líder da Assoft: «Acho que essas empresas têm competências para executar aqueles projetos e não me parece que haja muitas mais (em Portugal) que tenham essas competências».