Bernardo e Arthur Lima nasceram agarrados pela cabeça. E viveram assim durante quase quatro anos porque ninguém arriscava mexer no emaranhado de veias a rodear o tecido cerebral partilhado. Até que uma equipa do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, no Rio de Janeiro, decidiu avançar para a separação dos gémeos siameses. E assim, médicos e enfermeiros foram avançando com os procedimentos até se chegar a um impasse.
Era altura de pedir ajuda ao grupo do Great Ormond Street Hospital for Children (designado habitualmente por GOSH), em Londres, o mais experiente em todo o mundo neste tipo de intervenções. Owase Jeelani é o cirurgião aos comandos e além da sua habilidade e boa vontade – todo o trabalho de separação de siameses é feito em pro bono – Jeelani leva também na bagagem o domínio de uma tecnologia que ajuda a preparar estas complicadíssimas intervenções.