O número de machos necessários para assegurar a continuidade de uma espécie é, geralmente, mais baixo do que o número de fêmeas. Agora um estudo da Universidade de Uppsala veio mostrar que a competição estre os machos traz benefícios, em particular ao nível da manutenção de bons índices genéticos de saúde.
O estudo revela que a seleção sexual dos machos impõe uma consequência benéfica fortuita, ao fazer com que as crias herdem genes saudáveis. Noutro sentido, a competição entre machos resulta na eliminação seletiva de defeitos genéticos, de mutações malignas e evita que estes passem para as crias, acabando por se verificar efeitos positivos na saúde genética global da espécie.
Os investigadores analisaram 16 cadeias genéticas de bichos da seda para investigar como o número de mutações malignas afetava a capacidade reprodutiva da espécie. Através de reprodução programada entre as diferentes cadeias, os cientistas quantificaram os efeitos cumulativos de cada conjunto de mutações único e constataram que estas afetaram tanto os machos, como as fêmeas. Noutro vetor de análise, olhando só para os cruzamentos entre cadeias, constatou-se que estes manifestavam-se mais na capacidade reprodutiva dos machos. Nas fêmeas, os efeitos nefastos das mutações não foram tão significativamente evidentes e não seriam tão facilmente elimináveis. “Isto mostra que embora as mutações tenham um efeito negativo na capacidade de reprodução das fêmeas, são mais bem removidas da população ao atuar sobre a população macho. Investigações anteriores demonstraram este efeito ao introduzir artificialmente mutações, mas esta é a primeira evidência direta conseguida com variações naturais”, explica a equipa citada no EurekAlert.
Karl Grieshop elabora um pouco o raciocínio: “quando mutações perniciosas são eliminadas de uma população através de seleção rigorosa nos machos, resultando em menos fêmeas a reproduzir-se, o processo ocorre com pouco ou nenhum efeito no crescimento da população. Isto acontece porque um número relativamente baixo de machos é preciso para fertilizar todas as fêmeas, assim, sejam essas fêmeas fertilizadas por poucos ou por muitos machos, isso faz pouca diferença no número de crias que estas produzem, especialmente em casos onde os machos não se preocupam com as crias. Em contraste, este processo seletivo nas fêmeas, resultaria numa quebra no crescimento dos números, o que levaria a um declínio na população ou mesmo à extinção”.
David Berger, que também assina o estudo, explica que “a investigação mostra que a produção de machos, que podem encetar competições intensas pela hipótese de reprodução, leva a uma eliminação mais rápida de mutações malignas na população, o que pode assim permitir um conjunto mais saudável de genes e maior capacidade de reprodução, face à reprodução assexuada”.