Os cientistas de Berkeley propõem transformar os cabos subaquáticos de fibra já existentes numa rede de aparelhos de medição de atividade sísmica. A maior parte dos dados recolhidos atualmente pelos sismólogos advem de instrumentos colocados em terra, o que faz com que não exista muita informação sobre a atividade que ocorre nos oceanos.
«Qualquer instrumento que se leve para o oceano, nem que seja só a 50 quilómetros da costa, vai obter informação muito útil», explica Nathaniel Lindsey, coordenador do estudo. A solução de transformar a estrutura de cabos subaquática surge porque é bastante complexo e dispendioso colocar, manter e aceder a instrumentos de medição com a precisão necessária.
A equipa de Lindsey propõe usar as dispersões e distorções da luz que transita nos cabos de fibra ótica e que transporta dados. A monitorização destas distorções, que acontecem exatamente onde os cabos dobram e em que extensão, por vezes com apenas alguns nanómetros, permite detetar atividade sísmica com um grau elevado de precisão. A medição é conseguida através de uma técnica conhecida por DAS, de Distributed Acoustic Sensing ou Sensibilização Acústica Distribuída, que trata cada cabo como uma série de milhares de sensores de movimento, noticia o Tech Crunch.
Jonathan Ajo-Franklin, do Laboratório Nacional de Berkeley, afirma que «é a primeira vez que alguém tenta usar cabos de fibra ótica offshore para olhar para este tipo de sinais oceanográficos».
A equipa vai continuar a trabalhar para perceber se toda a distorção medida só se deve a fenómenos sísmicos ou se tem qualquer outra justificação. Se for bem sucedida, a experiência deve passar pela utilização de cabos cada vez maiores para servir de instrumentos de investigação.