Uma equipa de químicos usou um robô assistido por um sistema com Inteligência Artificial (IA) para sintetizar compostos encontrados em rochas marcianas com o objetivo de encontrar um catalisador que permita gerar oxigénio a partir de água. A descoberta revela-se importante pois, para missões tripuladas a Marte, será necessário oxigénio não só para respirar, mas também para ser usado como combustível. A longo prazo, os investigadores pretendem perceber como vai ser possível usar os recursos que já existem em Marte para satisfazer as necessidades de oxigénio.
Com a existência de reservas significativas de água gelada, composta por hidrogénio e oxigénio, os cientistas têm feito várias diligências no sentido de perceber como ‘produzir’ o oxigénio daí. Na experiência anunciada esta semana, investigadores chineses colocaram o sistema de IA a usar um braço robótico para recolher amostras de meteoritos marcianos no laboratório e calcular depois 3,7 milhões de moléculas a partir de seis elementos: ferro, níquel, manganês, magnésio, alumínio e cálcio. O sistema, em apenas seis semanas e sem intervenção humana, conseguiu depois sintetizar 243 moléculas e descobrir qual a que melhor podia ser usada como catalisador para separar o oxigénio do hidrogénio na água, noticia o Space.com.
O melhor candidato a catalisador que o robô encontrou permite separar o oxigénio do hidrogénio na água a temperaturas de 37 graus celsius negativos, uma temperatura comum no ambiente mais inóspito de Marte.
Um cientista humano teria demorado mais de dois mil anos para encontrar este catalisador num processo semelhante, usando as abordagens convencionais de tentativa e erro. A equipa vai agora perceber se é possível operar este robô químico em condições como as que se encontram em Marte, nomeadamente com aquela temperatura, densidade do ar, humidade e gravidade.
Leia o estudo completo publicado no Nature Synthesis.