É habitual dizer-se que o 5G tem um potencial que vai muito além da tecnologia em si. Com consequências positivas importantes não são para as comunicações, mas, também, para a indústria, para a economia e até para a própria sociedade.
O aumento da largura de banda, que pode atingir os 10 Gbps, cerca de 100 vezes mais no 4G, é de importância fundamental. E abre muitas possibilidades em termos de aplicações e experiências. Como, por exemplo, visitas virtuais a museus com realidade virtual de alta-definição a partir de um telemóvel. Ou acesso de banda larga para sistemas móveis ou até para casas onde não chega a fibra ótica.
Mas o grande potencial do 5G não advém, apenas, da velocidade extra, até porque seria possível evoluir o 4G LTE para larguras de bandas superiores. As maiores inovações permitidas pelo 5G serão na computação edge e na muito badalada Internet das coisas (IoT).
Basicamente, a computação edge é aquela onde o processamento ocorre ‘no terreno’. Por exemplo, por profissionais na área da manutenção, construção, saúde, logística e segurança. No fundo, computadores que acompanham o utilizador e aproveitam as redes móveis para se ligarem à cloud (serviços em servidores distantes).
A baixa latência do 5G, que é tão ou mais importante que a largura de banda, permite aplicações edge em tempo real. Por exemplo, torna possível o controlo de um robô à distância por um cirurgião – a baixa latência faz com que os movimentos do robô repliquem instantaneamente os movimentos do médico que pode estar a milhares de quilómetros de distância.
Cirurgião da Fundação Champalimaud faz experiência inédita de comunicação durante operação a cancro da mama recorrendo ao 5G e Edge Computing
Por outro lado, a Internet das coisas é a possibilidade de ligar (quase) tudo à Internet, mesmo dispositivos simples, como pequenos sensores. Desde uma peça de roupa a um carro. Ora, enquanto o 4G (e gerações anteriores) foram otimizadas, sobretudo, para os smartphones, o 5G foi pensado para um mundo onde (quase) tudo pode ser ligado à Internet. O que se traduz, por exemplo, numa capacidade para suportar uma densidade de cerca de um milhão de dispositivos ligados à rede por quilómetro quadrado.
De outro modo, o 5G possibilita que uma quase infinidade de dispositivos possa estar ligada em simultâneo. Sem que a rede falhe. Será o que deverá acontecer com a sensorização das estradas para ajudar a desenvolver os carros autónomos. Imagine, por exemplo, que todos os lugares de estacionamento de uma cidade têm um sensor que indica se cada um dos lugares está ocupado ou vago e essa informação está disponível no seu carro. Melhor ainda, imagine que o seu carro não só saberá onde estão esses lugares, como também será capaz de ir estacionar sozinho no lugar mais próximo. São este tipo de aplicações que o 5G possibilita.
Mas o melhor desta tecnologia é o potencial para suportar ideias que ainda nem foram imaginadas. Algumas destas ideias poderão ser apresentadas no IoT Challenge, já que o desafio da sétima edição é, precisamente, encontrar e premiar soluções “5G de Internet of Things (IoT), que permitirá transformar negócios e criar novos casos de uso no mercado empresarial português, através da exploração das capacidades de maior velocidade, densidade massiva e latência mínima do 5G”.