Quatro mulheres, quatro negócios e quatro prémios dados pela Embaixada dos Estados Unidos da América, em Lisboa. Foi o desfecho da terceira edição da Academy for Women Entrepreneurs (AWE), um programa que apoia mulheres empreendedoras em Portugal e que, este ano, atribuiu um total de 24 mil dólares (cerca de 22 mil euros).
“O programa foi muito útil para poder desenvolver partes do negócio onde me sentia mais fragilizada, como na área financeira ou na de comunicação”, começa por explicar à EXAME, a ilustradora e vencedora desta edição, Ana Seixas, de 39 anos.
Com uma loja aberta no Porto desde 2020, a artista recebeu 9 mil dólares (8,3 mil euros) por ter ficado em primeiro lugar. Atualmente emprega três pessoas e exporta para vários países europeus. “Sabemos que vão sair daqui projetos com muito sucesso e é um sinal que estamos a dar a todas as mulheres, para que também criem os seus próprios negócios”, acrescenta.
Em Portugal, o programa tem um total de 13 semanas e compreende o acompanhamento de profissionais em várias áreas para servir como “trampolim” para o lançamento destas empresas. Em todo o mundo, o AWE existe desde 2019 e foi responsável pelo lançamento de 25 mil negócios de 25 mil mulheres diferentes.
As edições anteriores em Portugal premiaram vários negócios que mais tarde viriam a destacar-se. É o caso de Joana Duarte, criadora da Béhen – e vencedora da primeira edição – que arrecadou o Globo de Ouro como Personalidade do Ano em Moda, em 2022. Ou ainda de Sandra Ruivo – segundo lugar, na segunda edição – que, com a sua empresa Turtle Petals, exporta cápsulas de café biodegradáveis e compostáveis para os EUA.
“Fazemos um balanço fantástico da edição deste ano. Todas estas mulheres têm condições para continuar estes projetos. Algumas já tinham os projetos lançados, outras foram criadas para aqui”, explica Catarina Miguel Martins, diretora da Drive Impact, que implementa o AWE em Portugal. “Nós trabalhos no campo do concreto. Temos projetos reais de mulheres que produzem e não tem acompanhamento, muitas delas não têm hipótese de voltar à escola e tirar um MBA e aqui tem acesso a um mini MBA”.
“Este prémio deixa-nos muito orgulhosos”
Randi Charno Levine, embaixadora dos EUA em Portugal, é apenas a segunda mulher neste cargo desde 1991 e, diz à EXAME, sentir “um grande privilégio por ter a honra de, no mês de março, mês da mulher, poder estar a apoiar mulheres empreendedoras, tão jovens como estas que temos aqui”.
“Estas mulheres são muito talentosas e estamos a treinar há muito tempo, num ‘bootcamp’. Espero que consigam ter o dinheiro e o conhecimento necessários para conseguirem ter sucesso nos seus projetos futuros”, continua. “É um projeto que nos deixa muito orgulhosos”.
No segundo lugar ficou Irís Mira e o seu projeto SheDoes, de reparações ao domicílio, e em terceiro ficou Diana Costa, com a sua Quinta Mourisca, localizada em Trás-os-Montes. Receberam sete mil e cinco mil dólares (6,5 mil e 4,6 mil euros), respetivamente.
“O facto de estar rodeada de mulheres empreendedoras é muito importante. São mulheres que estão a criar os seus próprios projetos e a lutar para que deixe de ser estranho vermos mulheres à frente de negócios”, confessa Diana Costa, depois de ter sido premiada.
Quanto ao dinheiro recebido, já terá destino: “temos investido muito na parte de marketing digital e a melhorar o nosso website”. A Quinta Mourisca tem 100 hectares em Alfandega da Fé, distrito de Bragança, quase todos destinados à produção de azeite. Atualmente, tem loja aberta no Porto, mas já exporta para alguns países europeus. “Trabalhamos também com cinco restaurantes no Porto e um em Londres, mas estamos ainda numa fase inicial do projeto”, explica.
No quatro lugar ficou Ksenniia Golubytska e a sua escola de línguas Language Lab.