O nome de Sandra Tavares da Silva saltou para as páginas dos jornais generalistas quando, em 2020, Jancis Robinson a colocou entre as 24 enólogas que mais admirava, na costumeira lista que publica no Financial Times. Depois de se ter destacado no voleibol, de cuja Seleção Nacional fez parte entre os 14 e os 18 anos, e de ainda se ter dedicado à moda durante algum tempo, tirou o curso de Engenharia Agronómica. O facto de o pai ter comprado a Quinta da Chocapalha, em Alenquer, não deixou de pesar nesta decisão.
Depois de uma passagem por Itália, entra na Quinta Vale D. Maria, onde começa a sua vida profissional, e onde conhece Jorge Serôdio Borges, com quem casou e tem três filhos, para além da Wine and Soul, empresa que criariam mais tarde e que é responsável por referências como Pintas, Manoella, Vinha do Altar ou Guru. E claro, por vinhos do Porto.
Ambos os enólogos têm sido distinguidos regularmente com prémios de Melhor Enólogo do Ano ou têm visto os seus vinhos garantir boas pontuações dos mais renomados críticos nacionais e internacionais. Em 2021, num evento dedicado às PME nacionais, Sandra Tavares da Silva foi convidada da EXAME, na sua rubrica Girl Talk, e falou dos desafios e oportunidades da região que abraçou como sua – o Douro – num setor em franca expansão (pode rever a conversa aqui, a partir da 1h17’).
Sandra e Jorge trabalham basicamente com vinhas muito velhas, de baixo rendimento e produção limitada, e tentam tirar delas o melhor vinho possível. A expansão do portefólio, feita à medida da expansão das vinhas adquiridas, tenta manter aquilo que ambos chamam de “melhor expressão do terroir” da região do Cima Corgo, no Vale do Pinhão, no Douro.
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É da Quinta da Manoella, na família de Jorge Serôdio Borges há 5 gerações, que veio este branco de 2022 que provámos em julho passado, enquanto descansávamos junto ao mar. Com 20 hectares de vinha [velha] rodeadas de floresta mediterrânica, a propriedade tem um microclima distintivo. Talvez seja isso que lhe dá os toques de frutos tropicais que sentimos no nariz, e que se transforma num vinho mais doce do que gostaríamos na boca. Com 12,5% de álcool, este Manoella 2022 é um branco encorpado e cheio de personalidade, com aromas a citrinos, menta, flores e pinheiro – para além do maracujá, manga… – e que na boca nos oferece travos a melão, a pêssegos e a pêras. Com um final prolongado, é vinho que pede companhia. Uma boa tábua de queijos, uma massa com camarão, uma salada bem servida onde não falte proteína animal porque, apesar de ser um branco que apetece beber no verão, não é um daqueles que levamos para junto da piscina e que toda a gente bebe.
Vinhas velhas são vinhas velhas, e esta é uma referência que as faz sentir em todo o seu esplendor. Sinto que lhe falta alguma acidez para equilibrar a exuberância das frutas, mas é uma boa escolha para quem aprecia vinhos brancos com personalidade. Tem um PVP de €14,50 e pode ser encontrado nas principais garrafeiras nacionais.
Na nossa escala de notação enológica*, recebeu um A.
Escala de Notação Enológica
AAA | Fabuloso |
AA | Muito bom |
A | Bom |
BBB | Satisfatório |
BB | Mau |
C | Não Beba! |