Dionísio Pestana tem a capa da EXAME nº 5, editada no primeiro ano da revista, emoldurada no seu escritório, no Funchal. “Tenho uma boa recordação desta entrevista e fui reler a história”, conta. Há quase 30 anos, o fundador e presidente do Grupo Pestana tinha acabado de comprar o segundo hotel na Madeira e o pai, Manuel, disse-lhe achar ter sido um passo maior do que a perna e que, depois de 15 anos investidos a recuperar o então Madeira Sheraton – atual Pestana Carlton Hotel Madeira –, não deveria assumir mais risco.
O seu único filho não lhe deu ouvidos e o plano do grupo para o final deste ano é inaugurar a centésima unidade hoteleira. “Eu achava que era este o meu futuro”, adianta.
Há 30 anos, a Madeira ainda era desconhecida e tudo estava a começar no negócio do Turismo, em Portugal. Dionísio Pestana não deixou escapar a oportunidade. Hoje, a marca Pestana conseguiu conquistar cidades como Nova Iorque, Londres e Berlim, e está presente em 15 países. Já em 1989, Dionísio Pestana parecia antecipar o futuro: “Na entrevista de há 30 anos há ali uma frase que está escrita e da qual nem me lembro. Está escrito que queria lançar uma cadeia hoteleira nacional com expressão em todo o mundo. Não sabia que quando era tão novo já pensava assim.
E foi isso que aconteceu”, recorda Dionísio Pestana. Em Portugal, o grupo Pestana é líder, na Europa está no Top 25 e, em termos mundiais, figura entre os 100 primeiros.
A consolidação dos negócios é uma preocupação constante, mas o gestor está sempre de olhos no futuro, com a mesma estratégia de longo prazo que tinha aos 38 anos. “Em carteira, até 2022, teremos mais 10 a 15 hotéis em construção ou em fase de licenciamento.
Vamos entrar em dois países novos, Uruguai e França, em Paris”, explica Dionísio Pestana.
A ambição e a capacidade de arriscar acompanhavam o sonho de crescer: “Fazer um hotel de cada vez, nunca correr muito depressa, não queria ser vítima de uma crise como a que o meu pai apanhou, no pós-25 de Abril”, relembra.
Portugal representa 75% das receitas do grupo, sendo o estrangeiro responsável pelos restantes 25%, mas Dionísio Pestana adianta que esta proporção será alterada devido ao forte crescimento previsto para as capitais europeias e para Nova Iorque, cidade onde o grupo está a construir dois hotéis. “Acho que o meu pai [Manuel Pestana morreu há 15 anos] estaria orgulhoso do trabalho do filho, mas iria continuar a estar preocupado, a dizer como é possível ter nas minhas mãos seis mil trabalhadores, tanta responsabilidade”, adianta o gestor. Mas, conclui, a verdade é que tem corrido bem. Em outubro de 2018 foi novamente capa da EXAME, numa entrevista a que demos o título “A vitória do Senhor Turismo”.