É tudo uma questão de liberdade. É desta forma que Elon Musk explica, em comunicado enviado aos funcionários da Tesla, a sua intenção de retirar a empresa de bolsa.
“Hoje [terça-feira] anunciei que estou a considerar a possibilidade de retirar a Tesla de bolsa, ao preço de 420 dólares. Quero explicar-vos o meu racional para isto, e a razão pela qual acho que este é o melhor caminho para o futuro”, começa a missiva do gestor.
Segue-se a descrição dos problemas criados à Tesla pelo facto de estarem no mercado. Por um lado, as oscilações súbitas e acentuadas dos seus títulos, “que podem ser uma enorme distração para todos os que trabalham na Tesla, todos eles accionistas”.
Depois, “estar cotado também nos sujeita ao ciclo de resultados trimestrais, que coloca enorme pressão sobre a Tesla para tomar decisões que podem ser correctas para um determinado trimestre, mas não necessária correctas para o longo-prazo”.
Por último, acrescenta Musk, a Tesla é a acção mais alvo de posições curtas (short-selling) da história do mercado de capitais, “o que significa que há muitas pessoas com incentivo para atacarem a empresa”.
Ou seja, o empresário considera que, fora de bolsa, a Tesla poderá libertar-se de alguma pressão e ganhar tempo para, longe dos holofotes, ir cumprindo a sua missão.
“Eu acredito firmemente que estamos no nosso melhor quando todos estamos focados na execução, quando podemos manter-nos focados na nossa missão de longo prazo, e quando não existem incentivos perversos para que as pessoas tentem prejudicar tudo o que estamos a tentar atingir”, acrescenta.
Para explicar o seu modelo, aponta o exemplo da SpaceX, a sua empresa de exploração espacial que, apesar de ter vários accionistas, não é cotada em bolsa. “É uma empresa muito mais eficiente em termos operacionais e grande parte disso deve-se ao facto de não estar no mercado”. “Isto não quer dizer que faça sentido que a Tesla seja privada no longo prazo. No futuro, quando a Tesla entrar numa fase de crescimento mais lento e mais previsível, é provável que faça sentido que volte ao mercado”.
“Esta é a minha visão do que estar fora da bolsa significaria para todos os accionistas, incluindo todos os nossos funcionários”, diz Musk.
O gestor vai mais longe, defendendo-se das acusações de que pretende apenas ter o controlo absoluto da empresa: “isto não tem nada a ver com a acumulação de controlo pela minha parte. Sou dono de cerca de 20% da empresa e não vejo que tal seja substancialmente diferente caso algum tipo de negócio seja feito”.
“Basicamente, estou a tentar atingir um desfecho no qual a Tesla possa operar no seu melhor, liberta o mais possível de distrações e de pensamentos de curto prazo, e com o mínimo de mudanças possível para os nossos investidores, incluindo todos os nossos funcionários”, conclui Musk.