O evento era de gala. No dia em que fez vários anúncios importantes acerca da actividade no nosso país, a Altice Portugal juntou num jantar em Lisboa vários quadros de topo, empresários, advogados, artistas e jornalistas, para passar a mensagem: a Altice está diferente.
Depois de inúmeros problemas – inclusivamente com o Governo – a empresa liderada por Patrick Drahi está empenhada em entrar num novo ciclo no nosso país. Se durante muito tempo passou para a opinião pública a imagem de uma empresa muito focada na eficiência financeira e pouco na responsabilidade social, Alexandre Fonseca, há poucos meses CEO da Altice Portugal, avisa que as coisas vão mudar.
Num discurso de mais de 20 minutos, sem recurso a teleponto, Fonseca sintetizou os últimos anúncios da operadora, que acaba de dar a machadada final na marca Portugal Telecom, que dá definitivamente lugar à Altice Portugal (as marcas comerciais, como a MEO, mantêm-se). Anúncios de tecnologia – como uma box de televisão sem fios -; de uma nova campanha publicitária em que Cristiano Ronaldo contracena com Sophia, o robô humanóide; e da marca empresarial para Portugal.
E, no momento em que a PT Portugal enquanto nome é deixada cair, o CEO centrou boa parte do seu discurso no compromisso que o grupo francês tem para com o nosso mercado. Lembrou o investimento feito pela Altice em Portugal num período difícil para a economia local, mas salientou que houve, além de racionalidade, “emotividade” nessa aposta. “Não nos esqueçamos que um dos nossos sócios fundadores, Armando Pereira, é um português, que teve também, com o apelo do coração, esse investimento para vir para Portugal, apostar na portugalidade”, afirmou na noite de terça-feira. Emotividade, aliás, que foi por várias vezes repetida, como forma de contrariar a frieza dos números, por si, que tem caracterizado a imagem do grupo francês, em vários mercados.
“Gostava de deixar aqui o nosso compromisso. Estamos em Portugal para ficar, vamos continuar em Portugal. Hoje a Altice Portugal é a terceira maior operação do grupo, que está presente em 10 geografias. Hoje é dito, não só por nós, mas pelos próprios accionistas, Portugal é a jóia da coroa deste grupo”, frisou.
Perante todas as críticas de que a empresa foi alvo na sequência dos incêndios do ano passado, Alexandre Fonseca falou do compromisso com o interior do país e com a coesão nacional. Lembrou os 13 callcenters abertos fora das grandes cidades, com a criação de mais de 1700 postos de trabalho descentralizados; a cobertura de boa parte do território nacional com fibra óptica e da rede móvel; o datacenter da Covilhã e a Altice Labs, que desenvolve tecnologia para todo o grupo. Também aqui há um movimento de descentralização, que “já não está só em Aveiro, está presente em Viseu, na Ribeira Brava, na Região Autónoma da Madeira, e em breve estará também presente no Algarve. E posso dizer-vos que ainda em 2018 teremos novos pólos da Altice Labs noutros pontos do país”.
Outro dos calcanhares de Aquiles da empresa têm sido as relações laborais, e também neste ponto a mensagem é de paz, nomeadamente social. O trunfo apresentado foi João Proença, antigo secretário-geral da UGT, que vai presidir ao recém-criado Conselho Consultivo para as Relações Laborais da empresa.
Alexandre Ferreira, no final do seu discurso, sintetizou este novo ciclo que a Altice Portugal quer abrir: “Estamos a tentar ser diferentes, queremos ser diferentes. Não somos só tecnólogos, não somos só uma tecnológica, não somos só engenheiros. Entendemos que há um conceito-chave subjacente a tudo isto em termos de comunicação, que é a humanização. Somos todos seres humanos, é para eles que desenvolvemos tecnologia, e nós queremos humanizar a nossa oferta, e também a nossa gestão e a nossa liderança”.
“Nós estamos presentes, nós estamos para ficar. Portugal pode contar com a Altice Portugal, e nós diremos sempre presente a todas as iniciativas que visem desenvolver a sociedade e a economia portuguesa”, concluiu o responsável.