De forma discreta, a Cup & Saucer tornou-se o maior fabricante de chávenas de café do mundo, comprou a SPAL e assumiu a liderança na produção de porcelanas na Península Ibérica. É uma aventura que começou em Espanha, em 1988, onde Ângelo Mesquita conseguiu convencer os torrefatores locais das virtudes de juntarem chávenas à sua oferta de cafés como forma de promoverem as respetivas marcas sempre que colocavam um lote num espaço de restauração.
Presente em 55 países para servir marcas como a Delta, Nicola, Torrié e Beira Douro em Portugal, mas também os italianos da Lavazza e da Illy, os franceses dos Cafés Richard, os suíços da Nestlé ou os alemães da Tchibo, a empresa de Famalicão apostou em transformar a necessidade do cliente na necessidade do torrefator, soube convencer o mercado de que um bom café precisa de uma chávena à medida e, depois, trabalhou para “estar sempre à frente da concorrência, porque esse é o papel do líder”, salienta o seu presidente, Ângelo Mesquita. Como? Com investimento no design, na qualidade do produto, resposta aos e-mails em 24 horas, cumprimento dos prazos de entrega, atenção ao serviço, rapidez, flexibilidade. Quando entra num mercado, o empresário ataca sempre os maiores torrefatores locais, usando-os como cartão de visita para chegar aos outros.
Com mais de 350 modelos de chávenas, personalização das peças e acompanhamento do cliente, ajudando-o a definir a cadência das encomendas ao longo do ano, a Cup & Saucer tem 130 trabalhadores e vendas de 15 milhões de euros, mas concentra a produção própria nas chávenas. Os pires vêm da China para serem decorados em Portugal, porque “investir na sua produção sai mais caro, mas o preço de venda por peça é mais baixo”, explica o empresário, que venceu a edição de 2016 do prémio internacional de design A’Design Award, em Itália, no segmento de qualidade e inovação, com uma chávena que ele próprio desenhou e marcou no interior para ajudar quem tira o café a servir os 30 mililitros indicados nos estudos internacionais como a quantidade certa de um bom expresso.
Este artigo é parte integrante da Exame de Junho de 2017