A notícia caiu que nem uma bomba no mundo do futebol em Portugal: no início de junho, a transferência de JorgeJesus do Benfica para o Sporting concorreu no espaço mediático com temas bem mais sérios, como o stresse financeiro da Grécia, os programas eleitorais dos principais partidos políticos ou a privatização da TAP.
Paixões clubísticas à parte, inflamadas por alguma irracionalidade associada aos clubes de futebol, este deporto é hoje um dos mais poderosos negócios globais. Goste-se ou não, em torno dele movimentamse muitos milhares de milhões de euros e cruzam-se muitos interesses políticos e empresariais pelo que não é possível ignorá-lo.
Por outro lado, constroem-se teorias, perdem-se horas em análises profundas e proliferam os livros sobre o que o desporto, e o futebol em particular, tem para ensinar à gestão de empresas. Basta ver, por exemplo, o número de livros que já foram escritos sobre José Mourinho.
Jorge Jesus, que é uma figura com a qual é fácil embirrar, mas com quem também é fácil ter alguma empatia, tem sido apontado como um excelente estratega e um ótimo potenciador de talentos. Mas afinal o que tem o atual treinador do Sporting para nos ensinar? A EXAME fez a pergunta a empresários e gestores e há desde logo uma conclusão: a cultura de trabalho e exigência imposta por Jesus. “Temos de trabalhar e ser exigentes” pode ser uma daquelas frases feitas que fica sempre bem dizer, mas o que é certo é que foi por falta de exigência e controlo que foram cometidos graves erros em Portugal, pelos quais ainda estamos a pagar. Ora, no futebol os resultados são imediatos, estão à vista, e a falta deles pode ser penalizada de imediato. A concorrência é brutal, movese por diversas vias e abrange todas as camadas da sociedade. Se não há trabalho, exigência e controlo dos resultados, não há sucesso.
Mas, como alertam os gestores e empresários ouvidos pela EXAME, tudo isto tem de ser aliado a uma boa comunicação e capacidade de motivar. E também aí Jorge Jesus tem sucesso, pois, apesar das óbvias dificuldades de expressão, ele aprendeu a comunicar e, de alguma forma, a motivar. Sem boa comunicação e motivação toda a filosofia de trabalho árduo e de exigência cai por terra.
Trabalhar em equipa é essencial. Esta é outra das lições a tirar. O resto, é futebol. E a época ainda agora começou.
Este artigo é parte integrante da edição de setembro da Revista EXAME