As ESG Talks têm o apoio do novobanco
Utópico para uns, realidade para outros. A semana de quatro dias já está a ser testada por 41 empresas portuguesas. Duas delas partilham como está a correr a sua experiência até agora. A avaliação é claramente positiva.
“Nesta fase, o mais importante para as empresas é conseguir atrair talento. Portugal tem dois grandes desafios: aumentar os salários; e atrair jovens talentos que estamos a perder”, apontou Ricardo Costa. O CEO do Grupo Bernardo da Costa e também Presidente da Associação Empresarial do Minho acha que a semana de quatro dias pode contribuir para isso. “É um caminho. É para já, mas não para já em todos os setores. Na indústria, é preciso fazer um caminho de qualificação da gestão”, acrescentou durante a sua intervenção nas ESG Talks – uma iniciativa do novobanco em parceria com a VISÃO e a EXAME, com os knowledge Partners Nova SBE e PwC. “Não tenho dúvidas de que será preciso um equilíbrio: vamos passar menos horas a trabalhar.”
Alexandra Beirão Mendes, diretora de recursos humanos da Crioestaminal, conta que, na sua empresa, começaram por fazer uma task-force, escolhendo pessoas que poderiam ter mais resistência inicial à ideia. “Mantivemos a empresa aberta cinco dias por semana para os clientes e 7 dias para receber e processar amostras. Para fora, nada ia mudar, mas as pessoas trabalham menos”, recorda.
Mesmo os obstáculos que antecipavam serem mais complicados, como a marcação das férias de verão, acabaram por se resolver. “As pessoas organizaram-se. Em termos de produtividade ficou tudo mais ou menos na mesma. Está a correr bem. Recebemos imensos elogios e parabéns por estarmos a participar no piloto.”
Inês Poeiras partilha que a sua preocupação também era a organização das equipas ou que toda a gente escolhesse a 2ª e a 6ª para ficar em casa. Esses receios revelaram-se infundados. “Em termos operacionais está tudo a correr lindamente”, afirmou a diretora executiva da Caminhos da Infância, que trabalha na área do pré-escolar. “Contratámos uma empresa de comunicação para falar com os pais”, dada a importância de que eles ficassem descansados de que tudo continuaria a funcionar.
Ricardo Costa diz que as iniciativas que foi testando lhe permitem concluir que “a flexibilidade é aquilo que mais motiva as pessoas”. As iniciativas que foi desenvolvendo nesse sentido têm resultado? “Não sei se a empresa está a dar mais dinheiro, mas sei três coisas: a nossa capacidade de [retenção] é enorme; a nossa capacidade de contratar é altíssima; e saímos das crises mais fortes do que entrámos.”
