Incentivar a sustentabilidade é, pois, o caminho a seguir e foi a identificação dessa necessidade que levou a ConsumerChoice a criar o selo “Escolha Sustentável”, como dá conta o CEO, José Borralho.
Como surge a “Escolha Sustentável”?
A “Escolha Sustentável” surgiu da crescente necessidade de promover práticas empresariais responsáveis e reconhecer empresas que se destacam na implementação de ações sustentáveis.
Fala-se muito em sustentabilidade, de uma forma geral associada ao ambiente, mas a sustentabilidade vai mais longe e também abrange as áreas sociais e económicas. Por outro lado, os sistemas de certificação existentes não são do conhecimento do consumidor e nem estes se reveem neles. Com consumidores cada vez mais conscientes do impacto ambiental, económico e social das suas escolhas, a criação de um sistema que valorize e incentive a sustentabilidade tornou-se essencial.
Com a “Escolha Sustentável”, conseguimos, através da avaliação de produtos, serviços e medidas na área social, económica e ambiental, envolver especialistas e consumidores, destacando as empresas que se comprometem com a sustentabilidade e estão a desenvolver esforços, por vezes não reconhecidos publicamente, incentivando outras a seguir o mesmo caminho. Queremos ser um facilitador da identificação de marcas que fazem a diferença em termos ambientais, sociais e económicos, ajudando os consumidores a tomar decisões informadas e responsáveis.
Qual a importância de um sistema de qualificação neste domínio?
Um sistema de qualificação em sustentabilidade é crucial por várias razões. Primeiro, porque estabelece padrões claros e objetivos que as empresas devem cumprir para serem reconhecidas como sustentáveis. Isso não apenas as incentiva a adotarem práticas melhores, mas também ajuda os consumidores a fazerem escolhas informadas. Além disso, um sistema de qualificação promove a transparência, permitindo que os stakeholders, investidores e consumidores confiem nas alegações de sustentabilidade das empresas. Pode e deve, também, incentivar a competição saudável entre empresas, levando a inovações e melhorias contínuas em práticas sustentáveis.
Que atributos e práticas são valorizados?
Na “Escolha Sustentável”, valorizamos uma série de atributos e práticas relacionadas com a sustentabilidade do produto, serviço ou medida apresentada, nomeadamente critérios gerais como a credibilidade da solução (ex. not greenwashing), certificações, potencial de reprodução/inspiração/benchmarking, a inovação sustentável (impacto no meio ambiente ou social), boas práticas de gestão (ex. certificações, compromissos), avanços tecnológicos (departamento de I&D, high tech), e depois critérios específicos que podem passar pela arquitetura do produto/serviço ao nível do design, da sua função, embalagem, informação, pelo grau de inovação e sustentabilidade, impacto na comunidade, investimentos, e cumprimentos de Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
A nossa preocupação está sempre na aplicação de metodologias rigorosas e suficientemente abrangentes que nos permitam validar as boas práticas das empresas. No caso da “Escolha Sustentável”, o processo inclui auditoria detalhada e revisão de documentação, bem como análise por experts em termos da análise de indicadores-chave de desempenho e depois análise de perceção pelos consumidores. Queremos assegurar que as práticas de sustentabilidade e responsabilidade são genuínas e eficazes. O nosso objetivo é garantir que as empresas reconhecidas não apenas cumprem os requisitos legais, mas também excedem as expectativas em termos de impacto social, económico ou ambiental.
Como se conciliam as faces da sustentabilidade? Pesam o mesmo?
Conciliar as diferentes faces da sustentabilidade – ambiental, social e de governança (ESG) – é fundamental para uma abordagem holística. Embora as três sejam essenciais, o peso de cada uma pode variar dependendo do contexto específico da empresa e do setor em que atua. No entanto, no sistema “Escolha Sustentável”, procuramos equilibrar esses elementos, pelo que uma empresa precisa demonstrar um desempenho robusto em todas as áreas para ser reconhecida. Isso assegura que as práticas sustentáveis não sejam apenas superficiais, mas integradas em todas as operações.
A caminho do selo
A primeira edição da iniciativa “Escolha Sustentável” distinguiu 11 empresas que operam em Portugal, que ostentam, assim, o selo durante o ano de 2024. Com a segunda edição no horizonte, importa saber que:
- Podem candidatar-se todas as empresas no mercado nacional, independentemente do setor, da dimensão e da antiguidade;
- As candidaturas devem incluir documentação detalhada sobre as práticas e políticas sustentáveis;
- Uma equipa de especialistas realiza uma primeira análise para verificar se a candidatura respeita os critérios básicos;
- Segue-se a avaliação por consultores externos independentes, com base no respetivo conhecimento e na informação transmitida pelas marcas;
- Finalmente, um painel de 100 consumidores foca-se no impacto reconhecido da sustentabilidade do produto, serviço ou medida candidatos;
- São “Escolha Sustentável” os produtos, serviços ou medidas que obtenham uma nota superior a 70%, obtida a partir da ponderação da avaliação dos especialistas (60%) e dos consumidores (40%).
Que sinais dá ao mercado uma empresa com este selo?
Há vários sinais importantes a destacar. Começando logo pela confiança e credibilidade, garantindo que a empresa adere a práticas sustentáveis rigorosas, aumentando a confiança entre consumidores e stakeholders; depois destaca a empresa como líder em sustentabilidade, incentivando outras a seguirem o seu exemplo; e indica que a empresa está comprometida com práticas que podem gerar valor a longo prazo, atraindo investidores que procuram sustentabilidade. Podemos ainda considerar que mostra que a empresa se preocupa com o impacto social das suas operações, promovendo uma imagem positiva e ética.
O mercado e os consumidores valorizam as escolhas sustentáveis das empresas?
Sim, o mercado valoriza cada vez mais as escolhas sustentáveis das empresas. Há diversos estudos que mostram que os consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços de empresas que demonstram um compromisso genuíno com a sustentabilidade.
Há quem refira a questão do preço como condicionante na decisão de compra de soluções sustentáveis, mas começa a ser muito óbvio a disponibilidade de serviços e medidas que não comportam acréscimo de preço, porque a maioria das empresas que os promovem assume parte integrante do custo ou recorre a tecnologia que torna o eventual acréscimo de preço inexistente. Estaremos, portanto, em alguns casos, perante uma situação de mera perceção errada do preço.
Além disto e no que toca aos investidores, estes estão cada vez mais interessados em empresas que priorizam critérios ESG, vendo-as como menos arriscadas e mais preparadas para o futuro. Esse aumento na procura pela sustentabilidade está a levar empresas de todos os setores a repensar as suas práticas e a adotar abordagens mais responsáveis e transparentes.
A sua marca ou empresa está a fazer a diferença na área da sustentabilidade? Saiba como participar no “Escolha Sustentável, o primeiro sistema de qualificação público em sustentabilidade.