A sustentabilidade no setor imobiliário está longe de ser um tema novo. Mas, é um tema que tem vindo a ganhar acuidade e relevância num cenário de urbanização crescente. Os números são a prova dessa premência: em 2019, estimava-se que 55% da população mundial vivia em cidades, com as projeções das Nações Unidas a apontarem para 70% em 2050. A este ritmo, antecipa-se que as cidades precisem de cerca de 13.000 novos edifícios por dia.
O previsível aumento da população urbana repercute-se no setor imobiliário, com uma pressão acentuada sobre promotores, investidores, proprietários e ocupantes. E tornando mais real uma tendência dos últimos anos: a necessidade de repensar a construção, gestão e utilização dos edifícios, em nome da sustentabilidade. A descarbonização é o desafio mais imediato, à luz de compromissos globais como o Acordo de Paris ou o Green Deal da União Europeia. O imobiliário tem um papel relevante neste caminho rumo ao carbono zero. E uma responsabilidade específica: de acordo com o Programa Ambiental das Nações Unidas, quase 40% das emissões de gases com efeito de estufa são provenientes do setor, seja por via da construção, seja por via da utilização diária.
Este é um desafio que a RE Capital – empresa especializada em investimento imobiliário, com presença no Reino Unido, Suíça, Luxemburgo e Portugal – acolhe ativamente na sua política de sustentabilidade, tendo assumido como estratégico a inclusão dos pilares ESG (sigla em língua inglesa para Ambiente, Social e Governança) em todas as áreas de negócio, comprometendo-se a melhorar e atualizar as metodologias. Daí a adesão à maior comunidade global de investimento responsável, a UN PRI. Daí, também, o compromisso de publicar, anualmente, a partir de 2023, relatórios sobre os progressos em matéria de sustentabilidade.
Neste âmbito, a companhia ratifica os objetivos contidos no Acordo de Paris e, consequentemente, está robustamente focada na sua estratégia de descarbonização, assumindo como meta ser neutra em emissões até 2050.
O compromisso da RE Capital estende-se a todos os intervenientes do seu ecossistema empresarial, da gestão à equipa operacional, dos parceiros aos fornecedores, passando pelos co-investidores. O mandato em nome da sustentabilidade começa no topo, com uma equipa dedicada a garantir a implementação dos pilares ESG, uma equipa que integra representantes de vários departamentos e de todas as geografias, de modo a garantir que as iniciativas de sustentabilidade refletem a diversidade da empresa. “Estamos nisto juntos” é a filosofia subjacente.
“Queremos fazer a diferença junto das comunidades”
Qual a importância da política de ESG para a RE Capital?
Na RE Capital, estamos conscientes de que as nossas operações diárias têm impactos ambientais e sociais, pelo que implementamos fortes sistemas de governança, de modo a garantir que esse impacto é o mais positivo e sustentável possível, para todo o nosso ecossistema.
A nossa política ESG foi desenhada, precisamente, para enquadrar todos os nossos projetos, em todos os territórios em que atuamos, na convicção de que todos – gestão, equipas, fornecedores e parceiros – temos um papel a desempenhar em matéria de sustentabilidade. Esta nossa convicção é guiada pelos valores da integridade, da transparência e do envolvimento, que consideramos fundamentais, na certeza de que a integração de novos padrões de sustentabilidade se refletirá nos resultados financeiros e sociais que entregamos aos nossos investidores e stakeholders. É um propósito coletivo.
Que relevância particular assume o pilar Social na estratégia de ESG da empresa?
Como mencionei, reconhecemos que os projetos que desenvolvemos impactam as comunidades envolventes, pelo que estamos comprometidos com essas comunidades e, acima de tudo, em fazer a diferença junto das mesmas. Antes de mais, consideramos que é nossa responsabilidade conhecer a comunidade em que estamos inseridos e quais são as suas necessidades específicas, bem como saber se as nossas iniciativas são localmente relevantes e como garantimos a sua duração ao longo do tempo.
E como se concretiza esse compromisso de envolvimento com as comunidades?
O nosso compromisso, que é assumido juntamente com os nossos investidores, é no sentido de que os utilizadores das nossas propriedades e as comunidades nas quais estão inseridos sejam os beneficiários a longo prazo das nossas atividades.
Deste modo, procuramos, desde logo, construir edifícios que protejam e melhorem a saúde e o bem-estar dos seus utilizadores. Com este mindset, esforçamo-nos para incorporar o padrão de construção WELL [certificação internacional que considera as pessoas o centro do projeto, da construção e do uso dos edifícios] ou equivalente. A título de exemplo, sempre que possível, incluímos espaços de bem-estar nos nossos empreendimentos e promovemos projetos que privilegiem a luz natural e um elevado padrão de qualidade do ar.
Por outro lado, a consulta a stakeholders locais é um pilar fundamental do processo de design, procurando que todos os nossos empreendimentos melhorem e complementem o ambiente local.
O envolvimento com a comunidade passa, também, pelo apoio a projetos locais. O que preside a essa escolha?
Sempre que selecionamos programas a apoiar, o critério principal é o da relevância para a respetiva comunidade, a par da longevidade dessas iniciativas. Porque só assim estaremos verdadeiramente a fazer a diferença.
Procuramos estar presentes em diversas manifestações da vida das comunidades. Apoiamos, nomeadamente, o Marvila Art District, uma galeria e plataforma para artistas locais que está interligada com a iniciativa artística da RE Capital, através da qual colecionamos ou compramos arte de artistas locais nas cidades onde operamos.
Somos igualmente parceiros da Non-Violence Project Foundation, que é uma organização global sem fins lucrativos com a missão de inspirar, motivar e envolver as pessoas para a prevenção e redução de todas as formas de violência. E que, em Lisboa, já permitiu, por exemplo, a criação dos estúdios comunitários Hustle Time, em Marvila, proporcionando à comunidade local o acesso gratuito a um estúdio de conteúdos.
Tivemos ainda a oportunidade de colaborar com a artista plástica Pitanga, para dar a conhecer o mundo do graffiti a jovens e idosos. E é com prazer que anuncio que, no último trimestre, promovemos um workshop com membros seniores da comunidade, em que a participante mais velha tinha 93 anos.
Poderia mencionar outras iniciativas, que passam também por temas como a capacitação para igualdade de género, e que são a prova de que o nosso compromisso com as pessoas é estratégico, está no ADN da RE Capital.