Perto das duas horas da madrugada, os sindicatos conhecem a decisão do Conselho da Revolução (CR) de nacionalizar a banca. Quase de imediato, começam a fazer as listas com os nomes dos dirigentes a nomear. Encerrados desde o golpe de 11 de março, os bancos já não tiveram tempo de abrir as portas nessa sexta-feira, 14, mas alguns reabriram-nas no dia seguinte, um sábado. A banca estava finalmente “ao serviço do Povo”, como ordenavam os cartazes pendurados nas fachadas. Na véspera, milhares de trabalhadores tinham saído à rua, pedindo a estatização do setor financeiro para eliminar a “sabotagem económica” e estancar a “fuga de capitais para o estrangeiro”. As nacionalizações iniciaram-se pela banca (Decreto-Lei nº 132-A/75 de 14 de março) e prosseguiram com os seguros (Decreto-Lei nº 135-A/75 de 15 de março). Foram um ato político, sem planeamento nem estratégia, como se verá de seguida.

Foto: A Capital
Na tarde do dia 13, José da Silva Lopes, ministro das Finanças, e Manuel Jacinto Nunes, governador do Banco de Portugal, são chamados ao Palácio de Belém, onde se iria reunir pela primeira vez o recém-criado Conselho da Revolução, emanado da Assembleia Militar “selvagem” de 11 março. “A banca estava fechada há três dias, por ordem dos sindicatos. Sabíamos que a reunião era por causa disso”, contou Silva Lopes à VISÃO História, em 2010.