Naquela manhã de 11 de março de 1975, os moradores dos bairros dos Olivais, Moscavide e Encarnação não ganharam para o susto. O ruído de motores de aviões de combate e os estrondos de bombas, lançadas de aparelhos Fiat T-6, caíam na unidade militar vizinha, o RAL 1 (Regimento de Artilharia Ligeira nº 1, futuro RALIS – Regimento de Artilharia de Lisboa), em plena capital, a não mais de um quilómetro do Aeroporto da Portela. O País político-militar vivia em sobressalto há semanas, com rumores de um ajuste de contas entre os setores mais radicais do MFA e das forças conotadas com a extrema-direita, mas esse era um ambiente de “fruta da época”, desde que, dez meses antes, o golpe militar do 25 de Abril – que logo o povo havia transformado na Revolução dos Cravos – tinha mudado a face do País. Naquela manhã, tudo poderia mudar, de novo: quem eram os atacantes? O que pretendiam? Viria aí uma guerra civil? Foi há 50 anos. E este golpe dava um filme.
O filme dos acontecimentos