Este fim-de-semana, um Conselho de Ministros especial reuniu-se para fazer o balanço, no final de mais um ano político, antes das férias. Isto, no preciso momento em que se registava a 13.ª saída de um membro do Governo, o segundo por ter sido constituído arguido num processo por suspeitas de corrupção (factos ocorridos antes da sua indigitação para o Governo). Em 2019, o então ministro da Defesa, João Gomes Cravinho delegava no diretor-geral dos Recursos da Defesa Nacional, Alberto Coelho, todas as competências operacionais para o negócio da compra, pelo Estado português, dos helicópteros EH-101, para a Força Aérea. Alberto Coelho, entre outros atos de gestão sem explicação cabal – segundo um processo posterior decorrente de uma investigação da PJ – contrata com Marco Capitão Ferreira um contrato de assessoria, para a emissão de um parecer sobre essa compra (que, na verdade, já estava decidida). Uma assessoria que devia durar seis meses durou quatro dias e custou ao Estado 50 mil euros mais IVA (mais de 61 mil euros, no total, embora o IVA reverta para o mesmo Estado que o pagou…). Mais tarde, Alberto Coelho fica responsável pelo processo de remodelação do Hospital Militar de Belém (HMB), de forma a integrar, com a máxima urgência, aquela unidade no esforço de resposta à emergência Covid. E os custos da obra derrapam para níveis suspeitos: dos 750 mil euros previstos inicialmente, as verbas atingem 3,2 milhões de euros. Já documentado sobre a derrapagem e sobre o papel de Alberto Coelho nessa derrapagem, o ministro Cravinho exonera-o dos Recursos da Defesa mas nomeia-o para a administração da Empordef Tecnologias da Informação (ETI), uma empresa estatal da área da Defesa, supervisonada pela holding pública, a IdI Portugal Defense, que gere as participações do Estado nas empresas de Defesa. A holding é, entretanto, presidida pelo mesmo Marco Capitão Ferreira que ganhara os 50 mil euros, mais IVA, no contrato celebrado com Alberto Coelho – e é o próprio Capitão Ferreira quem sugere Alberto Coelho para o cargo na ETI.
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