Dos 12 jogadores da equipa de futebol B-SAD infetados com a recente variante Ómicron vários já tinham tido Covid-19 anteriormente. Alguns dos restantes membros da equipa – do departamento médico e equipa técnica – que também testaram positivo para a nova variante também já tinham estado infetados antes. Ou seja, já tinham tido Covid-19 e voltaram a ter. Além do mais, todos os atletas estavam vacinados. Será a variante Ómicron, identificada na África do Sul, mais propensa a reinfeções?
Vamos por partes. As reinfeções, embora raras, podem acontecer. Os estudos científicos estimam que uma infeção prévia com SARS-CoV-2 dê uma redução de pelo menos 80% no risco de infeção, logo sobram cerca de 20% de risco.
Por exemplo, no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Grande Porto Santo Tirso/Trofa, dos 14 400 casos registados de Covid-19, 86 são reinfeções (todas anteriores à variante Ómicron) – é menos de 1%, mas existem.
O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), dos EUA refere que nas “variantes de SARS-CoV-2 têm surgido com múltiplas mutações na proteína spike que podem resultar na diminuição da neutralização por anticorpos, incluindo aqueles induzidos por infeção anterior ou vacinação”. A mesma agência nota que há evidências laboratoriais de que pessoas previamente infetadas com a linhagem original de SARS-CoV-2 “reduziram o número de anticorpos neutralizantes contra certas variantes (ou seja, Beta, Gama e Delta)”. O mesmo pode acontecer com a Ómicron.
Os estudos feitos até agora são preliminares, dado que a variante foi identificada há pouco tempo. Um deles, publicado há poucos dias, sugere que o risco de reinfeção é maior com a variante Ómicron. A investigação dos cientistas sul-africanos – publicada num site de artigos em pré-publicação médica e ainda não for revisto pelos pares – fez- se com uma análise a 35 670 casos suspeitos de reinfeção de uma base de dados onde constam 2,7 milhões de casos positivos até 27 de novembro. Os casos são considerados reinfeções se houver um teste positivo com 90 dias de diferença em relação a um teste positivo anterior.
O estudo sugere que a variante Ómicron pode ter uma “capacidade muito maior” de escapar da imunidade dada por uma infeção anterior e que, pelo contrário, não há a mesma evidência epidemiológica em relação às variantes Beta ou Delta.
Os investigadores não tinham informações sobre o estado de vacinação das pessoas e, portanto, não analisaram se Ómicron escapa à imunidade induzida pela vacina. Além disso, reforçaram que este estudo é preliminar e que são precisos mais dados.
A Organização Mundial da Saúde avançou que “algumas evidências científicas sugerem que a Ómicron pode aumentar o risco de reinfeção” em comparação com outras variantes, mas que a informação disponível ainda é limitada.
Na passada semana, Anne von Gottberg, especialista em doenças infecciosas do Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul (a mesma que detetou a nova variante), referiu que “as infeções anteriores protegiam contra a reinfeção, que esse não parece ser o caso da Ómicron”, embora tenha assinalado que a maior parte tenha sintomas ligeiros. A perita acrescentou que são precisos mais estudos.
Conclusão
ENGANADOR
São precisos mais estudos científicos para demonstrar que a variante Ómicron provoca mais reinfeções dos que as variantes anteriores.
FACT CHECK “VERIFICADO”. Conheça os factos, porque é preciso ter VISÃO.