Um estudo realizado no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra concluiu que as famílias vivem “sem margem” para surpresas no orçamento e que avós e mulheres serviram de “almofada” para os efeitos da crise.
O projeto aponta para uma presença quase transversal de solidariedade, em que os avós e as mulheres surgem como principais protagonistas, numa crise em que as famílias não conseguem poupar e vivem “no medo de uma despesa excecional”, disse à agência Lusa Lina Coelho, coordenadora do projeto de investigação FINFAM, que inquiriu 1.001 casais com filhos, de diferentes classes sociais e regiões, sobre o impacto que a crise teve no seu orçamento.
Segundo os resultados do inquérito do projeto de investigação, 37,4% das famílias sofreram reduções de salários, mais de um quinto considera ter perdido segurança no emprego, 30% endividaram-se mais (metade dos quais junto das famílias), 67% têm um orçamento familiar mais reduzido, quase 30% procuram mais ajuda para resolver problemas emocionais ou de ansiedade e 65% deixaram de sair ou de fazer programas de diversão ou lazer.
O estudo, que para além do inquérito realizou 42 entrevistas em profundidade, conclui que voltou a ser reativada “uma lógica de solidariedade generalizada na sociedade portuguesa, que opera sobretudo no contexto familiar, essencialmente intergeracional e dos mais velhos para os mais novos”, o que levou a atenuar o impacto da crise no orçamento das famílias, afirmou Lina Coelho.