A nossa história foi, desde sempre, uma história assente no poder do Estado e numa reduzida sociedade civil com dependência perante esse mesmo poder. Habituámo-nos a aceitar a centralização do Estado e a presença omnipresente dos partidos políticos na nossa vida. Confundimos, muitas vezes por comodismo de burguesia, o serviço público com a sombra do Estado.
As Misericórdias portuguesas decidiram aceitar o desafio da Misericórdia do Porto para se abrir, em Portugal, um debate sobre o Estado Social.
Um debate que se quer participativo e sem medo. Temos de compreender e aceitar que a defesa do Estado Social vai residir na alteração do seu modelo de financiamento, num sistema fiscal mais competitivo e numa sociedade menos egoísta.
Não podemos ter medo e manter o sistema como está, onde o nosso Serviço Nacional de Saúde deve ser um pilar ao serviço da comunidade, a escola pública não deve significar ausência de alternativa e a segurança social um modelo de cautela para tempos difíceis.
O debate do Estado Social está na nossa agenda para dizer aos partidos políticos que é possível fazer mais e melhor gerindo os recursos dos cidadãos com parcimónia e cuidados.
Os partidos políticos devem compreender que o dinheiro dos impostos dos cidadãos é deles e não de grupos organizados para dele usufruírem.
Devemos ter consciência que este novo paradigma deve ser um sinal de confiança no futuro de uma sociedade responsável. Uma sociedade responsável compreenderia o que uma pessoa como Isabel Jonet queria dizer. Os pobres não podem ser condenados a estar eternamente pobres.