“Pela primeira vez, no último meio século, os mortos não votaram e os vivos não votaram duas vezes.” Foi assim, com a voz e a imagem do jornalista Joaquim Letria, que a RTP iniciou, a 25 de abril de 1975, faz agora 50 anos, a emissão de cobertura das eleições constituintes que se realizaram naquele dia, marcando bem a diferença da liberdade conquistada após o golpe militar do 25 Abril de 1974 para os simulacros de sufrágio durante a ditadura do Estado Novo, então derrubada.
Naquelas inaugurais eleições livres com sufrágio universal, pela primeira vez, todos os cidadãos maiores de 18 anos, incluindo analfabetos, ganharam o direito de voto, e a eliminação dessa e de muitas outras restrições acabou por triplicar o universo eleitoral. Dos cerca de dois milhões de recenseados autorizados a votar na ditadura, passou-se para 6 231 372, tendo a participação nas urnas sido de 92%, um recorde até hoje. Também a RTP chegaria a um recorde, com cerca de 36 horas de emissão ininterrupta na cobertura daquelas históricas eleições. Mas a estação pública de TV, a única à época existente no País, não estava imune, claro, à constante turbulência do processo revolucionário então em curso. Lá iremos.
