Álvaro Bilbao é um neuropsicólogo basco de 48 anos, formado nos EUA e no Reino Unido, com muitas décadas de trabalho com crianças e jovens, apoiado nas características do cérebro nestas idades de formação. Ao mesmo tempo, tem três filhos, entre os 11 e os 15 anos, com quem aplica os princípios da psicologia positiva. Por estes dias esteve em Lisboa, a propósito – nem de propósito! – do lançamento em português do seu livro Prepara-te para a Vida, 7 Chaves para Orientar Jovens e Adolescentes (Planeta, 200 pp., €14,90).
O que poderiam ter feito os pais de Jamie, da série Adolescência, para evitar que o filho esfaqueasse a rapariga até à morte?
É algo impensável para qualquer pai. No entanto, há coisas que podiam ter sido feitas de modo distinto. A primeira era saber que, quando um rapaz passa todo o tempo no seu quarto e, ao acabar o dia, apaga os dispositivos sem dizer sequer boa noite, é um problema. Depois, eles relatam que Jamie tinha ataques de raiva, dava respostas agressivas, e que viam isso como reações normais. De facto, podem ser reações normais num adolescente, mas quando isso se torna rotina devem impor-se limites. Mais: permitiram que o seu filho de 13 anos tivesse Instagram, quando só deveria usar o WhatsApp, que é uma rede social mais limitada e controlada e fácil de supervisionar pelos pais. Eu não deixei que o meu filho mais velho tivesse Instagram até quase aos 15 anos.