“É um erro grave formular teorias antes de conhecer os factos. Sem querer, começamos a mudar os factos para que se adaptem às teorias, em vez de formular teorias que se ajustem aos factos.” Logo nas primeiras páginas do livro com que procura rebater os factos de que foi acusado e condenado, o ex-ministro da Economia Manuel Pinho evoca uma frase célebre de Sherlock Holmes. Não para que o célebre detetive de ficção, criado por Arthur Conan Doyle, possa resolver aquilo que ele considera ser o mistério da sua condenação, mas para o ajudar a provar aquilo que mais lhe interessa: a de que, no seu julgamento, “a realidade é totalmente diferente da ficção que foi criada”.
Escrito durante os três anos que já leva em prisão domiciliária, o livro – com o sugestivo título Erro? Sim, erro! pretende rebater a tese da acusação, que o tribunal, numa sentença proferida em junho do ano passado, considerou provada no âmbito do chamado processo EDP: de que terá, enquanto ministro da Economia no governo de José Sócrates, beneficiado os interesses do BES/GES e de Ricardo Salgado.