1 – CUIDEM DA “CASA COMUM“
Publicada logo em 2015, a encíclica Laudato Sí’ deu o tom sobre o modo como Francisco queria ser ouvido, ir para lá dos muros do Vaticano. Tentava compreender o mundo, estava alinhado com a Ciência e com o melhor conhecimento: as alterações climáticas são provocadas pela ação humana, advogou. A Igreja Católica entrava assim no debate contemporâneo, nos temas do ambiente, do desenvolvimento e da sustentabilidade. “O urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar. O Criador não nos abandona, nunca recua no seu projeto de amor, nem Se arrepende de nos ter criado. A Humanidade possui ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa casa comum”, escreve Francisco na Laudato Sí’. E continua: “Os jovens exigem de nós uma mudança; interrogam-se como se pode pretender construir um futuro melhor, sem pensar na crise do meio ambiente e nos sofrimentos dos excluídos.”

Na encíclica, o Papa foi ainda mais longe ao identificar as razões que conduziram ao atual paradigma de desenvolvimento, “o paradigma tecnoeconómico”, promotor do consumo, do desperdício e da sobre-exploração dos recursos naturais. Defendia ainda uma “ecologia integral”, para a qual são necessários pequenos gestos do quotidiano que nos “libertam da lógica da violência, da exploração e do egoísmo”. No entender de Filipe Duarte Santos, antigo professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, “o que mais perturbou os meios dominantes do atual paradigma tecnoeconómico foi o Papa desacreditar a solução do comércio de emissões em que se criam ‘créditos de carbono’, porque ‘não permite a solução radical que as atuais circunstâncias requerem’”. “Não há ambiguidade na mensagem do Papa relativamente àquilo que refere como o atual paradigma tecnoeconómico sem nunca mencionar a palavra capitalismo na encíclica. Porém, não restam dúvidas de que se trata do capitalismo liberal das décadas recentes”, argumentou, então, Filipe Duarte Santos num artigo do jornal Público.
Em outubro de 2023, o Papa voltou a insistir no assunto. Foi publicada uma nova exortação apostólica, intitulada Laudate Deum, que o próprio Jorge Bergoglio disse ser a segunda parte da Laudato Si’. Nesse texto, lançado dois meses antes da COP28, no Dubai, o Papa apelou à responsabilidade perante a emergência climática. O mundo, alertava, está a “desmoronar-se”, “aproxima-se de um ponto de rutura”. E termina o documento de forma lapidar, sem contemplações: “Laudate Deum é o título desta carta. Porque um ser humano que pretenda tomar o lugar de Deus torna-se o pior perigo para si mesmo.”
2 – ESTEJAM PRÓXIMOS DAS PESSOAS
Carisma é sempre um conceito difícil de definir. Também é verdade que, deste ponto de vista, sucedendo a Bento XVI ‒ o “Papa intelectual” ‒, Francisco tinha a vida facilitada. Não se aconselham as generalizações, mas no caso concreto elas ajudam a explicar “o efeito Francisco”: além de ter sido o primeiro Papa proveniente da América Latina, também foi o primeiro jesuíta a ocupar a cadeira de Pedro no Vaticano. Logo no princípio do papado, em julho 2013, na Jornada Mundial da Juventude que se realizou no Rio de Janeiro, Jorge Bergoglio teve uma enchente digna de uma estrela do rock: 3,7 milhões de jovens reuniram-se na Praia de Copacabana para o ouvir. E ele, não perdendo a oportunidade, exortou-os: “Ide, sem medo, para servir.”
Com as devidas diferenças de escala, o mesmo voltou a acontecer dez anos depois, na Jornada Mundial da Juventude de Lisboa, em 2023. Mal chegou a Portugal, Francisco responsabilizou a hierarquia eclesiástica por fomentar a “aversão” e a “desilusão” com a religião e fez questão de se reunir com vítimas de abusos sexuais. Depois, ao longo dos dias, privilegiou o improviso e dispensou os discursos previamente escritos. Foi claro, direto, alegre e divertido. Na vigília junto ao Tejo, proferiu uma frase difícil de esquecer: “Só é lícito olhar uma pessoa de cima para baixo para a ajudar a levantar-se.”

O professor Paulo Mendes Pinto resume esta postura do Papa à palavra “empatia”. “A forma de se relacionar com os outros, que se expressa com um carinho muito grande, quer se trate de católicos ou de não católicos”, diz o coordenador da área de Ciências das Religiões da Universidade Lusófona, sublinhando em particular os “não católicos”. Também Inês Espada Vieira, professora da Universidade Católica Portuguesa e presidente do Centro de Reflexão Cristã, comenta o facto de Francisco ter tentado “construir aos poucos uma maneira renovada de olhar para os temas de sempre”. Recorda uma frase de Frei Bento Domingues que, no seu entender, sintetiza o legado do pontífice argentino: “Nada de novo, tudo novo.” E justifica: “Não há ‘nada de novo’ porque tudo o que o Papa fez foi a partir do Evangelho e do Concílio, mas por outro lado há uma forma de renovação dos gestos, da esperança, de uma coragem cristã que leva à ação.”
3 – OUÇAM AS COMUNIDADES
Convocado pelo Papa Francisco, o Sínodo dos Bispos decorreu entre outubro de 2023 (a primeira assembleia) e outubro de 2024 (a segunda assembleia). A designação manteve-se, mas na verdade a reunião (a palavra ‒ sínodo ‒ tem origem no grego e significa “caminhar juntos”) deixou de integrar apenas bispos ‒ e isso, em si mesmo, já constituiu uma novidade. Contou, por exemplo, com a participação de mulheres como a suíça Helena Jeppesen-Spuhler, especialista em direitos humanos, e a teóloga espanhola Cristina Inogés Sanz, que não só proferiu a conferência de abertura como teve direito de voto.
Na altura, o secretário-geral do Sínodo, o cardeal Mario Grech, conhecido pelas suas posições progressistas, justificou: “A participação dos novos membros não só assegura o diálogo que existe entre a profecia do povo de Deus e o discernimento dos pastores mas assegura também a memória.” As expetativas em relação ao processo sinodal de Francisco eram de tal maneira altas que houve quem o comparasse ao Concílio Vaticano II, promovido por João XXIII. E não era para menos: o primeiro documento em debate falava, de forma explícita, em alguns temas considerados críticos para a Igreja Católica, como os abusos sexuais e as pessoas LGBTI. Mais tarde, as opiniões dos participantes dividiram-se, nomeadamente, no que diz respeito à questão do papel das mulheres. O documento final acabou por ser mais cauteloso: “Não há nenhuma razão para que as mulheres não assumam papéis de liderança na Igreja: o que vem do Espírito Santo não pode ser impedido. A questão do acesso das mulheres ao ministério diaconal também permanece em aberto. É necessário um maior discernimento a este respeito.”

O texto regressou depois às comunidades, a quem na prática compete a sua implementação. No total, integra 155 pontos e é composto por cinco partes: O coração da sinodalidade, Juntos, na barca, Lançar a rede, Uma pesca abundante e Também eu vos envio. Como quase sempre acontece nas revoluções em curso, houve alguns recuos, mas até os católicos mais desiludidos reconhecem que há caminhos que não voltam para trás. Para Juan Ambrósio, professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica, a ideia de ouvir as comunidades não terá retrocesso: “O Papa impôs a ideia de uma Igreja que se renova a partir daqueles a quem ela é enviada.”
4 – NÃO TENHAM MEDO DE MUDAR
Frei Bento Domingues também é dos que equiparam a figura de Francisco a João XXIII, o Papa que convocou o Concílio Vaticano II, o maior acontecimento da Igreja Católica do século XX. “Os excluídos passaram a ter uma pátria na Igreja. E esta, para mim, é a grande renovação. Além de que permitiu que a população cristã pudesse exprimir-se nas paróquias, em grupos que se formassem, com a toda a liberdade”, dizia o dominicano, em 2013, em entrevista à VISÃO.
Atualmente, a maioria dos cardeais com poder de voto no Colégio Cardinalício foi escolhido por Francisco. Em dezembro de 2024, o Papa elevou a cardeal prelados provenientes de dioceses remotas ‒ as tais “periferias” de que sempre falou. Rompeu com a prática de destacar bispos de grandes dioceses, escolhendo, por exemplo, figuras provenientes de Teerão (Dominique Joseph Mathieu), Argel (Jean-Paul Vesco), Tóquio (Tarcisius Isao Kikuchi) e Abidjan (Ignace Bessi Dogbo). Só neste último consistório ordinário foram criados 21 novos cardeais, sendo que apenas um não é eleitor (o italiano Angelo Acerbi, que atinge os 100 anos em setembro próximo).
O arcebispo de La Plata, Víctor Manuel Fernández, manteve-se como homem de confiança de Francisco, que o escolheu para prefeito do dicastério mais importante, o Dicastério para a Doutrina da Fé. Mas a presença das mulheres aumentou de forma significativa. Segundo dados que se referem à Santa Sé e ao Estado da Cidade do Vaticano, citados pelo Vaticano News, de 2013 para 2023, a percentagem de mulheres aumentou de 19,2% para 23,4 por cento. No princípio de 2025, pela primeira vez na história da Igreja, o Papa nomeou uma mulher para dirigir um dicastério: a irmã Simona Brambilla assumiu o cargo de prefeita do Dicastério para a Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. A posição era, até agora, reservada a cardeais e arcebispos. Na opinião de Elisabeta Piqué, jornalista argentina e correspondente no Vaticano, isto “é algo que nunca aconteceu antes”. “Era impensável, há dez ou há 100 anos, que houvesse uma mulher prefeita na Cúria Romana”, afirmou, recentemente, em entrevista à agência Ecclesia. Em 2022, também a irmã Raffaella Petrini foi nomeada para secretária-geral do Governatorato e, já em janeiro de 2025, para presidente (com efeitos a partir do próximo dia 1 de março).
5 – ESCUTEM OS VOSSOS IRMÃOS MUÇULMANOS
Em matéria de diálogo inter-religioso, há um documento que marca o pontificado de Francisco. Intitula-se A Fraternidade Humana em prol da paz mundial e da convivência comum e foi assinado em Abu Dhabi, a 4 de fevereiro de 2019 (entretanto, o dia foi instituído pelas Nações Unidas como o Dia Internacional da Fraternidade Humana). O texto original fala numa “terceira guerra mundial aos pedaços”: “A história afirma que o extremismo religioso e nacional e a intolerância geraram no mundo, quer no Ocidente quer no Oriente, aquilo que se poderia chamar os sinais duma ‘terceira guerra mundial aos pedaços’; sinais que, em várias partes do mundo e diferentes condições trágicas, começaram a mostrar o seu rosto cruel; situações de que não se sabe exatamente quantas vítimas, viúvas e órfãos produziram.”
Não se trata propriamente de um documento paradigmático, antes surge na sequência de uma linha do tempo iniciada pelo Concílio Vaticano II, pela Oração pela Paz de João Paulo II e, depois, prosseguida por Bento XVI, na exortação apostólica Ecclesia in Medio Oriente (2012). “O Papa Francisco tem jeito e talento para restabelecer relações humanas, mas os critérios e a dinâmica desse documento já vêm detrás”, resume Peter Stilwell, antigo vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa e atual responsável pelas relações ecuménicas e diálogo inter-religioso do Patriarcado de Lisboa.

No diálogo com o Islão, porém, existe outro momento recente importante. Em setembro de 2024, o Papa visitou a Indonésia, na mesma altura em que também esteve em Timor-Leste. Entrou na Istiqlal, a maior mesquita do Sudoeste Asiático, e ainda num túnel subterrâneo que liga o interior da mesquita à catedral católica de Nossa Senhora da Assunção. Chamam-lhe o Túnel da Amizade em homenagem à convivência religiosa. Na ocasião, Francisco apelou à fraternidade entre as pessoas de diferentes religiões e culturas. “Anunciar o Evangelho não significa impor a nossa fé ou colocá-la em oposição à dos outros, mas dar e partilhar a alegria do encontro com Cristo sempre com muito respeito e carinho fraterno por todos”, disse.
Peter Stilwell destaca igualmente este discurso de Jacarta por ser exemplificativo do diálogo advogado por Francisco. “Se formos pelas linhas das doutrinas, cada um tem as suas tradições e os seus rituais, não há diálogo. Este só é possível em torno de três ideias que constituem o chão comum entre as religiões: a dignidade humana, a procura do divino e a defesa dos mais frágeis”, justifica Stilwell.
6 – ACOLHAM “TODOS, TODOS, TODOS”
Na questão dos abusos sexuais na Igreja Católica, Francisco foi duríssimo. “Tolerância zero”, profetizou, ao mesmo tempo que defendeu indemnizações e compensações financeiras. Porém, tal como no diálogo inter-religioso, também nesta questão é justo que se diga que desenvolveu o caminho iniciado pelo seu antecessor, Bento XVI. Jorge Bergoglio teve a coragem, isso sim, de falar com os jovens sobre sexualidade e amor. Assim como de abrir alguns dossiers-tabu: celibato, papel das mulheres, homossexuais, divorciados… Perante uma Igreja empedernida e uma cúria bafienta, foi “um Papa sem medo”, nota Anselmo Borges, professor de Filosofia na Universidade de Coimbra.
Foi em Lisboa, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, que mandou o discurso que tinha escrito às urtigas, evitou as partes mais entediantes e afirmou: “Quando [Jesus] manda os apóstolos chamar para o banquete daquele senhor que o preparara, diz: ‘Ide e trazei todos’, jovens e idosos, sãos, doentes, justos e pecadores. Todos, todos, todos! Na Igreja, há lugar para todos. ‘Padre, mas para mim que sou um desgraçado, que sou uma desgraçada, também há lugar?’ Há espaço para todos! Todos juntos…” Aos jovens de todo o mundo que enchiam o relvado do Parque Eduardo VII pediu que repetissem um slogan em uníssono: “Peço a cada um que, na própria língua, repita comigo: ‘Todos, todos, todos’. Não se ouve; outra vez! ‘Todos, todos, todos’.”

No final de 2023, o Dicastério para a Doutrina da Fé publicou também uma nova declaração doutrinária segundo a qual os padres podem conceder bênçãos “espontâneas” a casais homossexuais. Juan Ambrósio lembra, no entanto, que estas mudanças não tiveram “tradução evidente no direito canónico” durante o pontificado de Francisco. “Ainda não se mexeu nesse setor porque, já se sabe, vai provocar tensões enormes”, argumenta o professor na Universidade Católica. E continua: “Francisco não é um teólogo encartado. Não entrou no debate puro e duro, na formulação escrita dos temas. Preferiu a prática e a ação.”
Na autobiografia que acaba de lançar (ver caixa), Francisco recorda a primeira vez que um grupo de transexuais foi ao Vaticano. “São filhas de Deus! Podem receber o batismo nas mesmas condições dos outros fiéis e nas mesmas condições dos outros, podem ser aceites na função de padrinho ou madrinha, bem como ser testemunhas de um casamento. Nenhuma lei do direito canónico o proíbe”, argumentou, provocando o choque entre os mais conservadores. Assumiu as resistências dentro da Igreja e defendeu divorciados e homossexuais: “Na Igreja, são todos convidados, mesmo as pessoas divorciadas, mesmas as pessoas homossexuais, mesmo as pessoas transexuais. Se o Senhor diz todos, quem sou eu para excluir alguém?” Lembre-se também o que escreveu Francisco na encíclica Fratelli Tutti, publicada durante a pandemia: “Ninguém se salva sozinho, só é possível salva-nos juntos.”
7 – COMBATAM “A ECONOMIA QUE MATA”
Francisco também faz a diferença, num mundo onde os líderes, políticos ou religiosos, costumam acautelar o discurso e medir bem o alcance das palavras. É por isso que, no meio de tantas guerras e tensões, desde que há duas semanas o Papa foi internado no Hospital Gemelli, em Roma, persiste a sensação de uma voz em falta. Ainda assim, há notícias que dão conta de que o Papa, apesar da fragilidade em que se encontra, tem telefonado para a paróquia de Gaza com regularidade. “Crentes e não crentes sentem necessidade de vozes lúcidas, capazes de abrir caminhos de esperança”, sustenta o teólogo Juan Ambrósio. “O Papa tem uma presença ativa na geopolítica internacional”, contrapõe, por sua vez, Anselmo Borges. Paulo Mendes Pinto diz ainda que Francisco tem “causas muito atuais”: “Transformou-se na caixa de ressonância do Ocidente.”
Logo em 2013, foi publicado um documento que acabou por ser uma espécie de programa oficial do papado de Francisco: na exortação apostólica Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), Bergoglio referiu-se, pela primeira vez, à ideia da “economia que mata”. Foi assertivo na denúncia do “fetichismo do dinheiro” e da “ditadura de uma economia sem rosto”: “Tal como o mandamento ‘Não matarás’ impõe um limite claro para defender o valor da vida humana, hoje também temos de dizer ‘Tu não’ a uma economia de exclusão e desigualdade. Esta economia mata.”

Também no princípio, a 8 de julho de 2013, o Papa surpreendeu ao deslocar-se à ilha de Lampedusa, no Sul de Itália, para se encontrar com os migrantes que tinham conseguido atravessar o Mediterrâneo. Foi a primeira viagem do seu pontificado e, se quisermos encontrar coincidências felizes, de certa maneira, essa viagem “rima” com uma das suas últimas iniciativas, antes de ser internado. Três dias antes de entrar no hospital, o Papa não poupou o programa de deportações em massa do Presidente Trump. Escreveu uma carta aos bispos católicos dos EUA e chamou a atenção para o sofrimento imposto a migrantes e refugiados. “Tenho acompanhado de perto a grande crise que está a acontecer nos EUA, com o início de um programa de deportações em massa. A consciência retamente formada não pode deixar de fazer um juízo crítico e de manifestar o seu desacordo com qualquer medida que identifique, tácita ou explicitamente, o estatuto ilegal de alguns migrantes com a criminalidade”, declarou.
Nessa missiva, o Papa também pediu que se rejeitem as “narrativas que discriminam e causam sofrimentos desnecessários aos nossos irmãos e irmãs migrantes e refugiados” e apelou ao “rigoroso respeito pelos direitos de todos”, argumentando que uma política que regule a migração “ordenada e legal” não pode ser feita “com o privilégio de uns e o sacrifício de outros”. E sentenciou: “O que se constrói com base na força, e não na verdade sobre a igual dignidade de cada ser humano, começa mal e acabará mal.” Como os católicos costumam dizer, enquanto há vida, há esperança. Por isso, para todos os efeitos, Francisco ainda é uma referência viva ‒ para os crentes e, graças à sua arte de chegar aos outros, também para os não crentes. Mais tarde ou mais cedo, contudo, vai fazer falta no mundo que se avizinha.