Com a chegada de dezembro, há símbolos que parecem incontornáveis para celebrar o Natal. Afinal, porque é o Pai Natal tão relevante e porque colocamos uma estrela no topo de um pinheiro? Aliás, porque temos um pinheiro dentro de casa? Saiba a origem destes e outros símbolos de Natal em seguida.
Pai Natal
O velhinho de barbas brancas vestido de vermelho que dá presentes a quem se portou bem é uma presença muito forte no imaginário de todas as crianças nesta época. O Pai Natal não está relacionado com o nascimento de Jesus, mas tem uma matriz cristã, ainda que tenha perdido essa conotação a partir do momento em que se tornou uma figura comercial, na primeira metade do século XX.
É uma figura que evoluiu de São Nicolau, um bispo de Bari que viveu entre o século III e o século IV e que foi canonizado pela igreja católica devido aos milagres que lhe foram atribuídos. É retratado como um homem solidário que dedicou a sua vida a ajudar o próximo. Existem variações da lenda a seu respeito, mas todas acabam por relatar a entrega de bens essenciais, dinheiro ou até brinquedos aos mais carenciados de forma discreta. Como? Depositando estas ofertas nas chaminés de quem mais precisava.
A lenda tornou-se popular e a figura de um velhinho com um saco às costas durante a noite para entregar presentes tornou-se muito presente no imaginário popular. Conforme a história ia chegando a novos locais, ganhava também novos contornos, como aconteceu no norte da Europa, onde São Nicolau passou a receber a ajuda de elfos. Os primeiros registos do novo Pai Natal surgem no século XVII em Inglaterra e na Holanda e no século XIX esta figura ganha ainda maior destaque nos EUA. No século seguinte recebe o visual que hoje lhe é conhecido, com casaco, calças e gorro vermelho, graças a uma publicidade da marca Coca-cola. A imagem fez sucesso e desde então é a que é aceite. São Nicolau passou a Pai Natal e, apesar das origens, deixou de ter uma conotação religiosa para estar associado a um lado mais comercial e é um dos símbolos maiores desta quadra.
Pinheiro
É quase uma obrigação para muitos lares. Chega dezembro e em casa tem de estar um pinheiro decorado. Seja ele alto até ao teto, pequeno e instalado em cima de um móvel, natural ou artificial, verde ou outra cor. O importante é haver uma referência a um pinheiro. Mas se Jesus nasceu em Belém, uma terra onde o pinheiro não é de todo natural, de onde vem a origem deste símbolo tão impactante? Ao que tudo indica, a árvore de Natal vem dos povos pagãos do norte da Europa.
Durante os festejos do solstício de inverno, os povos pagãos decoravam as suas casas com ramos de pinheiro, uma árvore que nunca perde o tom verde durante o ano e, por isso, representa a esperança. A folhagem podia ainda ser decorada com moedas, alimentos ou brinquedos, numa representação do que era valorizado. Ao levarem ramos de pinheiro para casa, estes povos queriam recordar que o inverno iria eventualmente terminar e dar lugar à primavera. Há também quem diga que os ramos desta árvore ajudavam a afastar os maus espíritos dos lares na estação mais escura do ano.
Esta tradição acabou por se espalhar para outros povos e culturas, ainda que perdendo o seu sentido inicial devido à conversão dos povos pagãos ao Cristianismo. No século XVI começou a haver registo de pinheiros com velas e no século XVIII era já um costume popular ter um pinheiro em casa durante o Natal. Contudo, foi em 1846 que o pinheiro se tornou num símbolo maior desta época, graças à rainha Vitória de Inglaterra. Tudo porque a monarca posou junto a uma destas árvores decorada juntamente com os filhos para o jornal Illustrated Londons News. A imagem teve um grande impacto e desde então que o pinheiro é quase que imprescindível.
Estrela
Este é um elemento que tem uma origem biblíca, graças à Estrela de Belém. Diz o Evangelho de Mateus que foi esta estrela que anunciou o nascimento de Jesus Cristo e guiou os reis Magos até ao Messias. Este é então um dos símbolos incontornável, que está representado em destaque no Natal, quer seja no topo de um pinheiro ou noutro elemento da decoração. A estrela simboliza a luz que orienta e guia, mas também que ilumina, traz esperança e acolhe. Por ser um símbolo tão universal, é aquele que mais facilmente chega a todas as culturas e mais consenso gera.
Coroa
Não é só o interior de uma casa que é decorado: a entrada também costuma ter um símbolo importante de Natal. A coroa que tradicionalmente se coloca à porta também tem uma origem pagã, que foi adaptada ao Cristianismo, ainda que hoje seja vista como um elemento decorativo.
Durante o Império Romano, ramos verdes eram entrelaçados em forma de coroa e colocados em portas como forma de chamar a saúde a todos os que habitavam naquela casa. Já os povos pagãos do norte da Europa faziam o mesmo para receberem os deuses nos seus lares. Durante a Idade Média o costume foi recuperado, com as pessoas a usarem as coroas como forma de proteção e afastar o demónio. Só no século XIX há registo da coroa como símbolo do Natal, sendo usada logo no início do advento como forma de se fazer a preparação para a festa do nascimento de Jesus.
Presente
Apesar de o Natal ter como base o nascimento de Jesus Cristo e de celebrar a família, ficou instituída a troca de presentes entre quem mais amamos. A troca de presentes pode parecer ter origem nas ofertas dos reis Magos ao menino Jesus, mas a verdade é que vem ainda antes do Natal começar a ser celebrado. Afinal, os pagãos já trocavam presentes no solstício de inverno, na festa conhecida como Saturnália, que foi mais tarde adaptada pela Igreja Católica ao Natal.
Na Saturnália, as pessoas trocavam presentes simbólicos umas com as outras, como forma de atrair a fortuna no ano seguinte. A tradição de trocar presentes regressou na época Medieval. Nessa altura, os adultos mais abastados trocavam presentes no Ano Novo, sendo o Natal usado apenas para ofertar as crianças. A popularidade crescente da lenda de São Nicolau fez com que a partir do século XVII a troca de presentes passasse a acontecer em exclusivo no Natal.