A viver no centro histórico de Viseu vai para 20 anos, próximo da Sé Catedral, Teresa Cordeiro não moraria noutro lugar. “Vale a pena percorrer estas ruas”, garante a historiadora e investigadora do legado judaico e dos cristãos-novos na cidade. Teresa, 61 anos, sabe de cor o que merece uma visita: o conjunto monumental do Adro da Sé, o Museu Nacional Grão Vasco, a Igreja da Misericórdia, a Catedral e os seus respetivos museus. E ainda lhe acrescenta algumas curiosidades. “A Praça D. Duarte era o centro da cidade, onde se faziam as touradas, as festas, o mercado. A meio tem uma estátua do rei filósofo nascido em Viseu, da autoria do escultor Álvaro de Brée, da qual se avista a belíssima Varanda dos Cónegos da Catedral”, continua a historiadora, muitas vezes cicerone de quem pernoita no alojamento local que reabilitou uma casa no antigo bairro judeu. “Vive-se aqui um ambiente de bairro.” Nas suas ruas estreitas e graníticas, com fontes e logradouros que percorrem o interior da Muralha Afonsina, há muito que descobrir.
Descendo a Calçada da Vigia, o Museu Keil Amaral é um dos mais recentes núcleos museológicos de Viseu. Com entrada gratuita, os dois pisos da antiga Casa da Calçada (século XVIII) percorrem a vida e a obra de cinco gerações ligadas às artes, numa árvore genealógica entre os séculos XIX e XXI, através da coleção privada da família – do pintor e compositor Alfredo Keil (autor de A Portuguesa) ao arquiteto e fotógrafo Francisco Keil do Amaral, da artista multifacetada Maria Keil até, entre outros, à bailarina Leonor Keil. O museu é o projeto de vida de Pitum, nome pelo qual é conhecido o arquiteto e artista Francisco Keil Amaral, marido da escultora Lira Keil do Amaral. Uma vez por outra, o casal que vive a poucos quilómetros, em Canas de Senhorim, faz visitas guiadas (e divertidas) ao museu. É estar atento às datas.