A maioria dos acusados no processo Hells Angels vai cumprir prisão efetiva: 82 elementos do grupo motard foram condenados a penas de prisão entre os 12 e os 15 anos; na leitura da sentença, a juíza-presidente do Tribunal de Loures, Sara Pina, confirmou ainda que outros quatro acusados foram condenados a penas suspensas inferiores a dois anos e meio. Apenas um dos arguidos foi absolvido de todos os crimes.
O tribunal deu como provado a prática dos crimes constantes na acusação, que incluíam associação criminosa, ofensa à integridade física, extorsão, tráfico de droga, roubo e posse de armas e munições.
Ainda assim, as condenações ficaram aquém das pedidas pelo Ministério Público (MP), que, durante as alegações finais, defendia que as penas não deveriam ser inferiores a 17 anos para os cabecilhas da organização e de 15 anos para os restantes, num processo sem paralelo em Portugal.
Da acusação constava, ainda, o ataque cometido, em 2018, quando os Hells Angels perseguiram o neonazi Mário Machado, que procurava consolidar em Portugal uma filial (chamada Alcatraz) do grupo motard rival Red & Gold, “capítulo” (como se designa na linguagem do meio) português do grupo Bandidos Motorcycle Club.
O julgamento começou com 88 homens – um dos acusados (Rui Silva) foi, entretanto, morto com um tiro à queima roupa, em São Brás de Alportel, Algarve, em dezembro de 2022 –, na sequência de uma investigação que ficou a cargo da Polícia Judiciária (PJ), e depois de, na fase de instrução, o juiz Carlos Alexandre ter decidido enviar todos os arguidos para julgamento.