O relato da experiência vivida por Mike Reiss, a bordo do submersível da OceanGate Expeditions, uma empresa que organiza passeios turísticos em águas profundas, descreve com pormenor a viagem feita para ver os destroços do Titanic, o navio de cruzeiro que colidiu com um icebergue, em 1912, naufragando em seguida.
Ao jornal norte-americano The New York Times, um dos produtores e guionistas da série de animação Simpsons, conta como foi, em julho passado, a sua viagem, que é descrita, no site da OceanGate Expeditions, operadora da embarcação, como uma “experiência de viagem emocionante e única”.
Silencioso, apertado e com uma única vigia – que obriga os passageiros a revezarem-se para conseguirem ver o que resta do Titanic – estas foram as suas primeiras impressões sobre o submarino turístico. Logo no momento do embarque no Titan, Mike Reiss, 68 anos, recorda que todos foram obrigados a assinar um termo de responsabilidade que mencionava a palavra morte três vezes na primeira página.
Preparados para fazerem esta viagem de dez horas e que pode chegar perto dos 229 mil euros (cerca de 250 mil dólares), os passageiros estavam tranquilos, mas empolgados, recorda Reiss. A bordo havia sanduíches e água, mas a maior parte dos passageiros preferiu não comer – tal era a emoção do feito – assim como também ninguém utilizou a casa de banho, um pouco rudimentar.
As imagens partilhadas pela OceanGate mostram uma embarcação com um interior semelhante a um tubo de metal, onde os passageiros podem ficar sentados no chão plano de costas para as paredes curvas. Há iluminação (mas pouca) no teto e o espaço é pouco para as pessoas se movimentarem ou ficarem de pé.
À medida que se aproximavam dos restos do Titanic, o submersível foi desviado do seu curso por correntes subaquáticas. A bússola estava “a oscilar de uma forma muito estranha”, e a tripulação sabia apenas que estava a cerca de 500 metros de onde deveriam estar. Mesmo assim, o Titan, que poderia passar apenas três horas no fundo do oceano, conseguiu chegar ao local do naufrágio cerca de 20 minutos antes da hora marcada, o que permitiu a Mike Reiss tirar uma fotografia rápida junto à vigia circular, como se olhasse por uma janela do tamanho da porta da máquina de lavar roupa.