Intitulado “Cachapin”, este manual, que está inserido numa iniciativa curricular para o ensino da língua mirandesa, é o primeiro a estar disponível de dois livros escolares destinados ao 1.º ciclo do ensino básico.
“Este é o primeiro manual estruturado para o ensino da língua mirandesa nas escolas deste concelho destinado aos alunos do 1.ºo ciclo do ensino básico. Até aqui o material didático utilizado era elaborado pelos professores de língua e cultura mirandesa”, disse à Lusa o presidente do AEMD, António Santos.
O responsável acrescentou que esta é também a primeira vez que os professores de mirandês têm à disposição material didático para “utilizar em situação de sala de aula”.
“Apesar de já contarmos com um primeiro manual para o ensino do mirandês ainda será necessário continuar a trabalhar nesta área letiva. Nós lecionamos o mirandês desde do ensino pré-escolar até ao 12.º ano e há pano para mangas para continuar a elaborar trabalhos de natureza didática”, rematou António Santos.
O manual resulta de uma parceria entre o AEMD, com a colaboração dos docentes de língua mirandesa, a Associação de Língua e Cultura Mirandesa (ALCM) e a Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM).
O estudo para a elaboração de recursos pedagógicos para o ensino da língua mirandesa está incluído no Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar das Terras de Trás-os-Montes (PIICIE-TTM), que lhe atribui uma dotação de 20 mil euros.
“A necessidade de criação de materiais e recursos pedagógicos que garantam uma maior motivação, eficácia e acessibilidade [a professores e alunos] assume-se como uma vertente fulcral para o ensino do mirandês”, indicou o secretário executivo da CIM-TTM, Rui Caseiro.
Para a CIM -TTM, agora é necessário dar continuidade ao projeto com o desenvolvimento de materiais associados ao ensino e aprendizagem da língua através da “elaboração de conteúdos digitais fundamentais para as boas práticas dos docentes”.
“Este exercício reveste-se de particular importância para a definição de estratégias de intervenção regional relativa à língua mirandesa”, disse Rui Caseiro.
Alfredo Cameirão, presidente da ALCM, disse que a falta de material didático “é o multiplicar de dificuldades no ensino e aprendizagem da língua mirandesa”.
No ano letivo 2022/23 estavam inscritos 584 alunos no AEMD, dos quais 439 escolheram a disciplina de língua e cultura mirandesa para as suas atividades extracurriculares, o que representa 75% da população estudantil do concelho de Miranda do Douro.
O mirandês é uma língua oficial desde 29 de janeiro de 1999, data em que foi publicada em Diário da República a lei que reconheceu oficialmente os direitos linguísticos da comunidade mirandesa.
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