As chamadas “ilhas do triângulo” são talvez o local dos Açores onde melhor se sente o conceito de arquipélago, pela proximidade visível entre Pico, Faial e São Jorge, mas também pelas muitas diferenças entre cada uma. A melhor forma de as descobrir é mesmo a pé, calcorreando os inúmeros e ancestrais trilhos que as cruzam. Começamos pelo Pico, no Lajido da Criação Velha. Para onde quer que se olhe, só se veem muros de pedras negras. Empilhados à mão ao longo de séculos, num labiríntico rendilhado, é aqui que são cultivadas as uvas das castas Verdelho, Arinto e Terrantez, com as quais é feito o vinho. Um dos melhores locais para apreciar os currais, como são conhecidas estas vinhas únicas, é do topo do Moinho do Frade, onde o olhar por momentos se desvia no sentido oposto, em direção à montanha, o destino final desta caminhada, ainda a cerca de 20 km de distância – sempre a subir. Apesar de não haver nenhum percurso oficial, existem vários caminhos agrícolas e trilhos pelas pastagens que cumprem esse fim. Aliás, nem são necessários grandes azimutes quando o objetivo é atingir a maior montanha de Portugal, com 2 351 metros – e também a terceira mais alta a emergir do Atlântico. Ao contrário do que seria de esperar, a subida revela-se suave, tornando o passeio muito mais agradável, especialmente quando se atinge a zona de pastagens do planalto, onde se impõe uma paragem para apreciar, do outro lado do canal, a ilha do Faial.
Já falta pouco para chegar à Casa da Montanha, local de paragem obrigatória para quem quiser subir ao Pico, onde é feito o registo de controlo das subidas à montanha – são apenas permitidos 320 visitantes por dia e 160 em simultâneo.