O Parlamento Europeu aprovou esta semana um conjunto de medidas que irão proibir a venda de carros com motores de combustão nos 27 estados membros da comunidade. Apesar de ainda faltarem 12 anos para que a lei entre em vigor, muitos cidadãos europeus começaram já a levantar muitas dúvidas sobre o futuro do automóvel. Para perceber melhor o que estas medidas significam e qual o impacto que terão nas nossas vidas, elaboramos um conjunto de 15 perguntas e respostas para tentar explicar todas as alterações que irão acontecer a partir dessa data.
Que medida foi realmente aprovada pelo Parlamento Europeu?
Na realidade, os eurodeputados aprovaram um conjunto de normas que têm por objetivo proibir a venda de carros com motores poluentes.
Quando é que entram em vigor?
Em 2035.
Foi uma decisão unânime?
Não. Contou com 340 votos favoráveis, 279 contra e 21 abstenções.
Quais os motores que não poderão ser vendidos?
Todos aqueles que emitem CO2 para a atmosfera, como é o caso do Diesel, da gasolina ou do GPL.
Esta é uma decisão final?
Ainda não. Para se tornar uma lei oficial ainda terá de passar por várias etapas. No entanto, serão meros processos burocráticos que não deverão impedir a sua aplicação, como a aprovação do Conselho Europeu e a publicação no Jornal Oficial da União Europeia.
Os veículos híbridos plug-in continuarão a ser vendidos?
Não. Apesar de terem um motor elétrico, são também movidos a combustíveis fósseis.
Apenas poderão ser vendidos carros com motor elétrico?
Serão, na sua maioria, elétricos pois esta é a tecnologia com emissões zero mais evoluída. No entanto, começam a surgir outras possibilidades como a pilha de conbustível (hidrogénio) ou combustíveis sintéticos. Qualquer uma delas será aceitável desde que não emita CO2 para a atmosfera.
Poderei continuar a conduzir um veículo a gasolina a partir dessa data?
Sim. Estas normas não proíbem a circulação, apenas a venda. Se comprar um carro a gasolina em 2034 pode continuar a circular com ele até ao final de vida do veículo.
Mas poderão ser vendidos carros com motor a combustão no mercado de segunda mão?
Sim. No entanto, os preços dos carros irão cair e os custos de manutenção deverão subir.
Existe um prazo estipulado para proibir a circulação de carros com motor a combustão?
Na realidade não, mas… o projeto da União Europeia é atingir as emissões zero no setor dos transportes, o que pode querer dizer que, a partir desse ano poderão proibir a circulação de automóveis com motores poluentes.
Há outros países a tomar soluções semelhantes?
Sim. Nos EUA, por exemplo, foi aprovada uma lei semelhante na Califórnia, que pretende banir as vendas de veículos com motor a combustão em 2035. Depois desta decisão, outros 15 estados avançaram para soluções idênticas. O mesmo está a acontecer na Austrália. Após o Território da Capital Australiana ter aprovada a lei que acaba com a venda destes carros, também em 2035, outros estados do País começaram a tomar providências para seguir o mesmo exemplo.
Esta lei é apenas para o setor automóvel?
Sim, mas insere-se num programa mais vasto, o chamado “Fit for 55”, no âmbito do qual, a União Europeia procura reduzir as emissões de carbono em 55% até 2030, para tentar atingir a neutralidade carbónica em 2050.
Existem postos de carregamento suficientes para “abastecer” todo o parque automóvel europeu?
Há atualmente um grande investimento por parte de operadores privados que estão a montar novos e cada vez mais rápidos carregadores de baterias. Além disso, a grande maioria dos construtores de automóveis estão a desenvolver novas baterias que permitem autonomias superiores a 600 quilómetros. Esta eficiência irá fazer com que não seja necessário recorrer tantas vezes ao posto de carregamento.
Os carros elétricos ainda são muito caros para o comum dos cidadãos. Com esta lei será mais difícil comprar automóvel no futuro?
A chamada “democratização” dos veículos elétricos, ou seja, torná-los mais acessíveis em termos de preço, é um dos principais problemas para o sucesso desta lei. As baterias ainda são muito caras – alguns casos representam um terço do preço final do automóvel –, a escassez de microprocessadores e a reduzida capacidade de produção de carros elétricos suficientes para abastecer toda a procura, tem mantido os preços a um nível elevado.
O que irá acontecer com os resíduos provocados pelas baterias?
Essa questão será abrangida por nova legislação, como a diretiva para a energia renovável e o regulamento das novas baterias, que quer garantir que todo o processo de produção é neutro em carbono, não tem efeitos adversos no ambiente e que as baterias serão totalmente recicladas.