A Walt Disney World encerrou no domingo, dia 22, a sua famosa Splash Mountain, em Anaheim na Califórnia, uma das maiores atrações deste parque temático. O encerramento, ao fim de 30 anos, segue-se a inúmeras contestações, visto a atração aquática apresentar várias personagens do filme “Song of the South”, (Canção do Sul, em Português) da Disney que data de 1946, acusado por muitos de perpetuar estereótipos racistas.
O filme, que toma lugar numa plantação, apresenta um homem negro idoso conhecido como Tio Remus que lê contos tradicionais afro-americanos a crianças brancas cuidadas por escravos negros. Walter White, antigo secretário executivo da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor, NAACP na sigla em inglês, foi uma das vozes a levantar-se contra a Canção do Sul, por considerar que “perpetua uma imagem perigosamente glorificada da escravatura”. Uma petição no site Change.org, criada há três anos, exigia a sua substituição por uma associção ao filme “A Princesa e o Sapo”, tendo recolhido mais de 21 mil assinaturas. Em 2020, a Disley anunciou que a anunciou que a Splash Mountain seria “reimaginada” como a Aventura Bayou de Tiana, baseada precisamente no filme com primeira princesa negra da história da Disney, “A Princesa e o Sapo”. “O novo conceito [da Splash Mountain] é inclusivo – um conceito com o qual todos os nossos convidados se podem ligar e inspirar, e que fala da diversidade dos milhões de pessoas que visitam os nossos parques todos os anos”, justificou a empresa.
A Canção do Sul também não consta do serviço de streaming da Disney, o Disney +, com o presidente executivo Bob Iger a explicar que o filme “não é apropriado no mundo de hoje”.
O encerramento, no entanto, não mereceu só aplausos e não tardou a surgir uma onda de indignação online, com a hashtag #goodbyesplashmountain a tornar-se viral no TikTok.
Outros devotos da atração procuraram capitalizar o encerramento ao anunciar a venda online de garrafas e frascos com água proveniente do local, alegadamente recolhida durante os últimos dias de funcionamento. Sites como o eBay listam alguns recipientes para venda na ordem das centenas de euros.
Uma contra petição “Para Salvar a Splash Mountain” com também três anos, conta com mais de 99 mil assinaturas. “A Splash Mountain nunca incluiu representações de escravos ou quaisquer elementos racistas e baseia-se unicamente em contos históricos africanos que são apreciados por famílias de todas as etnias”, diz o criador da petição, “É absurdo ceder a um pequeno grupo que não entende a história, e tenta re-tematizar uma viagem tão nostálgica”.
A Disney tem vindo várias vezes a público nos últimos anos em assuntos social e politicamente controversos. Em 2016, apresentou-se contra uma lei anti-LGBT de 2016, no estado da Georgia, ameaçando retirar o seu negócio. Em Janeiro de 2021, afirmou que iria suspender as doações políticas aos legisladores que votassem contra a certificação da vitória eleitoral de Joe Biden. Já em 2022, a empresa manifestou publicamente o seu desagrado acerca da legislação aprovada na Flórida que proíbe a educação, em contexto de sala de aula, sobre orientação sexual ou identidade de género a crianças entre o jardim de infância e o 3º ano em escolas públicas, de uma forma que não seja “apropriada à idade ou ao desenvolvimento dos estudantes”.