“Quando chegámos, não havia projetos de execução, a obra não estava consignada, faltava fazer expropriações… E tudo isso nós conseguimos fazer no tempo recorde de um ano.” Esta declaração do presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) durante uma entrevista na SIC Notícias, na sequência das inundações da semana passada, foi a gota de água para José Sá Fernandes – que já antes, em julho, ouvira Carlos Moedas dizer que o Plano de Drenagem, que promete resolver as cheias em Lisboa, seria o seu “legado” para os lisboetas. O ex-vereador com o pelouro do Ambiente, Clima e Energia, Estrutura Verde e Serviços Urbanos diz-se “triste” com aquilo a que chama “pôr-se em bicos de pés” e “desvalorização do trabalho dos outros”. “O Plano de Drenagem é um projeto da cidade. É inacreditável Carlos Moedas estar a puxá-lo para si, quando foi trabalhado pelo executivo anterior. Lançámos o concurso, arranjámos financiamento, adjudicámos a obra… Virem agora chamá-lo de herói é uma injustiça para as pessoas que fizeram isto durante sete ou oito anos.”
Na mesma entrevista, Moedas garantiu ainda que os dois túneis de escoamento de água, que devem começar a ser escavados em março (a conclusão está prevista para 2025), resolveriam o problema em várias zonas da cidade. “A Praça de Espanha vai ser protegida com este túnel. Se o túnel que vem de Monsanto estiver feito, a água já não vai para estes sítios, nem para a Praça de Espanha nem para Sete Rios. [Se os túneis já estivessem construídos], o que aconteceu ontem não tinha acontecido. O que aconteceu em Alcântara, no Campo Grande, no Campo Pequeno, não acontecia.” Sá Fernandes afirma que isso não é verdade e que demonstra falta de conhecimento do autarca. “É de uma grande ignorância. Não resolve, porque os túneis estão a jusante destas zonas. O problema da Praça de Espanha já foi minimizado com a bacia de retenção que fizemos.”