No passado domingo, 17, as autoridades do Gana confirmaram dois casos de infeção pelo vírus de Marburg, que provoca uma doença grave e muitas vezes fatal em humanos. O primeiro diz respeito a “um homem de 26 anos de idade que deu entrada num hospital a 26 de junho de 2022 e morreu a 27 de junho. O segundo caso foi de um homem de 51 anos de idade que se apresentou no hospital a 28 de junho e morreu no mesmo dia. Ambos os casos procuraram tratamento no mesmo hospital num espaço de poucos dias de diferença”, refere a Organização Mundial de Saúde (OMS) em comunicado.
Marburg é um vírus altamente infecioso da mesma família do Ébola, que provoca uma febre hemorrágica que, por sua vez, tem uma taxa de mortalidade de até 88 por cento. A doença foi detetada pela primeira vez em 1967 nas cidades de Frankfurt e de Marburg, na Alemanha, e em Belgrado, na Sérvia, associado a um trabalho em laboratório com macacos verdes africanos (Cercopithecus aethiops) importados do Uganda.
O maior surto do vírus de Marburg foi verificado em Angola no ano de 2005, com mais de 300 vítimas mortais. Desde então, segundo a OMS, já foram relatados casos no Quénia, na África do Sul, em Uganda e no Zimbabué.
Como se transmite o vírus de Marburg?
A doença resulta da exposição prolongada a minas ou cavernas habitadas por morcegos Rousettus.
“Marburg espalha-se através da transmissão entre humanos por contacto direto com o sangue, secreções, órgãos ou outros fluidos corporais de pessoas infetadas, e com superfícies e materiais (por exemplo, lençóis, roupa) contaminados com estes fluidos”, explica a OMS.
As pessoas com maior risco de transmissão são os familiares e os funcionários dos hospitais que tratam dos indivíduos infetados. O vírus não se transmite pelo ar.
Quais são os sintomas da febre hemorrágica de Marburg?
Embora o período de incubação do vírus varie de 2 a 21 dias, a doença começa inesperadamente, com febre alta, dor de cabeça intensiva e mal-estar. As dores musculares também podem ser uma característica comum.
No terceiro dia de infeção começam as náuseas, vómitos, dor abdominal, cólicas e diarreia. Conforme a OMS esclarece, as pessoas infetadas com este vírus parecem “fantasmas”, com os olhos profundos e rosto sem expressão.
Os sintomas graves ocorrem entre 5 a 7 dias e nos casos fatais, a morte acontece entre o oitavo e o nono dia após o início dos sintomas.
Tratamento e prevenção
Não existem tratamentos antivirais e vacinas para a infeção por Marburg, mas os laboratórios estão a testar e a desenvolver medicamentos com vista ao tratamento da doença.
“Existem anticorpos monoclonais (mAbs) e antivirais em desenvolvimento, por exemplo Remdesivir e Favipiravir utilizados em estudos clínicos para a Doença do Vírus Ébola (DVE) que também podem ser testados para a DVM [Marburg]”, conclui a Organização Mundial de Saúde.
Um bom controlo e o aumento da consciencialização sobre os fatores de risco para a infeção deste vírus é uma forma eficaz de reduzir a transmissão humana. De acordo com a OMS, são 5 as mensagens que devemos reter para reduzir o risco de infeção:
- Durante as pesquisas científicas ou visitas turísticas a minas ou cavernas habitadas por morcegos Rousettus, devemos usar luvas ou fatos de proteção, incluindo máscaras;
- O contacto físico com pessoas infetadas pelo vírus deve ser evitado e a lavagem regular das mãos deve ser realizada após a visita de familiares;
- As populações afetadas pela doença devem envidar esforços para garantir que os indivíduos estejam bem informados;
- As medidas de contenção dos surtos incluem “o enterro rápido, seguro e digno do falecido” e monitorizar durante 21 dias a saúde das pessoas que poderão estar em contacto com infetados;
- A OMS também recomenda que os recuperados da doença pratiquem relações sexuais seguras por 12 meses a partir do início dos sintomas.