Sub-repticiamente, a questão há de imiscuir-se nos numerosos festejos, cerimónias e concertos comemorativos do Jubileu de Platina de Isabel II – ou seja, 70 anos de reinado –, que decorrem de hoje, quinta-feira, 2, a domingo, 5. Será que após percorrer, como rainha, metade do século XX e um quarto do XXI, protagonizando o mais longo reinado da monarquia britânica, Isabel II irá agora abdicar e entregar o trono ao príncipe Carlos? A idade da monarca, 96 anos, e o seu natural declínio físico, evidente nas dificuldades de mobilidade que demonstra, diriam que aquele é um assunto no Palácio de Buckingham. Mas não é.
Todos os olhos de quem se preocupa com o futuro da monarquia britânica viram-se agora para o príncipe William, o segundo na linha de sucessão ao trono
Para Isabel II, discutir a sua abdicação é um debate inútil. A rainha inclui-se na estirpe de monarcas em que apenas a morte os liberta do fardo da coroa. Na análise daquele “não assunto”, como a rainha o vê, há que também assinalar que Isabel II é igualmente a chefe da Igreja Anglicana. O que conduz a posição da monarca para um plano transcendental, em que assume a missão de carregar a coroa enquanto dádiva divina e inviolável. Isabel II considera-se uma “rainha ungida”, dizem os seus biógrafos, pelo que “nunca abdicará da responsabilidade vitalícia que Deus lhe confiou”, uma convicção inabalável da monarca.