Constança Braddell, a jovem de 24 anos que sofria de fibrose quística, morreu este domingo, depois de estar internada em estado muito grave desde junho. O comunicado foi feito pela família na sua conta de instagram. “A Constança viveu constantemente a sua vida com um admirável positivismo e entrega. Nunca tomou nada por garantido, apreciando cada momento da sua vida como se fosse o seu último”, pode ler-se na publicação.
Os familiares descrevem, ainda, Constança, como a “maior guerreira” e dizem que a jovem “mostrou ao mundo o significado de “Acreditar” e tornou-se numa inspiração para todos”. Ricardo Baptista Leite, médico e deputado do PSD, escreveu o mesmo na sua conta de Twitter, lamentando a morte de Constança. “Nos últimos meses de vida fez-nos acreditar e inspirou quem a acompanhou a ter esperança no futuro”, escreveu o deputado.
Não tardaram a surgir muitas outras reações à morte da jovem, que no início de março fez um apelo desesperado nas suas redes sociais para que o Infarmed aprovasse a utilização de um medicamento essencial para doentes que sofrem de fibrose quística, o Kaftrio. Este fármaco pode melhorar a qualidade de vida dos doentes, apesar de não haver cura para esta condição.
Logo a seguir, uma onda solidária permitiu à família, através de crowdfunding, angariar a verba necessária para pagar o medicamento – que, entretanto, foi confrontada com a notícia de que, fazendo o pedido a título particular, a jovem não poderia continuar a ser seguida no SNS. Pouco depois, responsáveis do Centro Hospital de Lisboa Norte, do qual faz parte o Hospital de Santa Maria e onde Constança Bradell era seguida, fizeram saber que, perante a expetativa de alguma demora no programa de acesso precoce (PAP), iriam submeter cinco pedidos de autorização de utilização excecional (AUE) para o Kaftrio.
Ainda melhores notícias chegaram: apesar de o medicamento ainda não estar aprovado em Portugal e de ser necessário realizar o pedido à autoridade do medicamento, o Infarmed autorizou 14 pedidos de autorização especial, com o dela incluído, para a utilização de Kaftrio/Trikafta. Foi o apelo emocionado de Constança que permitiu este desfecho positivo, que é só o início da luta para os doentes com fibrose quística. O seu pedido abriu portas à discussão sobre esta doença.
Várias figuras públicas comentaram a publicação com a notícia da morte da jovem, demonstrando a sua tristeza e dando força à família e amigos. “Ensinou-nos tanto. Descansa em paz querida Constança”, escreveu a atriz Kelly Bailey. “As almas especiais nunca morrem”, referiu, por seu lado, o ex árbitro de futebol Duarte Gomes. “Ficará para sempre a sua força de acreditar”, escreveu ainda a atriz Joana Seixas.
“Não desistiu. Acreditou sempre. Foi um exemplo”, escreveu a apresentadora Cristina Ferreira numa publicação na sua conta de Instagram. “Será sempre luz”.
Constança Braddell estava internada há três semanas em estado muito grave, depois de sofrer complicações provocadas por um pneumotórax. Isto acontece quando o ar se escapa e fica entre os pulmões e a parede torácica, o que faz com que os órgãos fiquem pressionados e a respiração dificultada. Os seus familiares já tinham referido, nas redes sociais da jovem, que a situação era de “extrema gravidade”. “Obrigada a todos os que se juntaram recentemente para ajudá-la a celebrar a Vida – é graças a todos e cada um de vós que ela viveu os mais extraordinários últimos meses da sua vida feliz e esperançosa”, agradeceram este domingo.
“A Constança adorava viver e nunca abdicou das suas convicções, de semblante rebelde e delicado ao mesmo tempo”, escreveu nas suas redes sociais a irmã de Constança, que deu muitas vezes a cara por ela nos últimos meses. “A gratidão que tinha por todos vós era imensurável e nós também pois acreditaram até ao fim na nossa/vossa Constança”, acrescentou.