Vorayuth Yoovidhya é neto do fundador da Redbull e herdeiro de uma fortuna que a Forbes estima em mais de 20 mil milhões de dólares. É também o homem acusado de atropelamento e fuga de um polícia em setembro de 2012. No mês passado, o Gabinete do Procurador-Geral (OAG) retirou as acusações apesar de provas o indicarem como autor do crime.
Os tailandeses insurgem-se contra a impunidade da elite rica. “Este caso faz com que as pessoas sintam que homens ricos, homens com as ligações certas com as autoridades, podem escapar impunes de crimes, e os homens pobres tornam-se assim as vítimas e os suspeitos”, disse Rosana Tositrakul, ativista política e ex-senadora de Bangkok.
A pressão pública aumentou e, na semana passada, as autoridades tailandesas anunciaram duas investigações independentes sobre o desenvolvimento do caso, uma na polícia e outra no OAG. Os resultados devem ser divulgados a 20 de agosto, segundo a CNN.
O alegado criminoso conduzia um Ferrari preto no centro de Banguecoque quando embateu na mota do polícia e, sem nunca parar, arrastou o corpo da vítima pela rua antes de fugir a alta velocidade. A polícia seguiu o rasto de óleo derramado até à mansão dos Yoovidhya. Inicialmente, um motorista da família afirmou que tinha sido ele a conduzir naquela noite, mas, poucos minutos depois, Vorayuth entregou-se.
O advogado disse que ele não fugiu do local, mas que este foi ter com o seu pai antes que as autoridades chegassem. O álcool no hálito foi justificado como resultado do abalo do acidente, que o levou a beber para acalmar os nervos. E os vestígios de cocaína no sangue seriam resultado de um tratamento dentário (uma alegação mal recebida pela comunidade médica).
Yoovidhya foi multado e libertado sob fiança (de 16 mil dólares) em poucas horas. Nos anos que se seguiram, não compareceu em tribunal, apesar das intimações, porque estava fora do país “em negócios” ou “doente”. Era acusado de cinco crimes, incluindo excesso de velocidade, atropelamento fatal e condução imprudente que causou morte. Todas as acusações expiraram menos a última.
Um especialista estimou que Vorayuth conduzia a mais de 170 km/h. Mas em 2016 algumas testemunhas mudaram os seus depoimentos e disseram dizendo que o carro viajava a menos de 80 km/h, dentro dos limites de velocidade permitidos.
Em 2019, os promotores tailandeses ordenaram uma nova investigação policial e duas novas testemunhas foram apresentadas. Uma delas, Jaruchart Maadthong, morreu num acidente de moto no mês passado. Muitos tailandeses a questionam o timing desta morte, relevante para o caso, e a autópsia ao corpo revelou ferimentos que não são compatíveis com um acidente rodoviário.
Vorayuth Yoovidhya terá deixado o país em 2017 e está desaparecido desde então. Apesar de não estarem restituídas as acusações, continua a ser um homem procurado.