A questão referente à temperatura corporal dos dinossauros foi sempre assunto de debate entre os paleontólogos – os cientistas que procuram entender o passado geológico da Terra através da análise de fósseis. Os dinossauros – frequentemente retratados como seres semelhantes a répteis, ou seja, de sangue frio – podem, afinal, ser criaturas de sangue quente, concluiu um novo estudo da Universidade de Yale, EUA.
Os resultados foram obtidos através de um método que analisa a composição química de fósseis das cascas de ovo de três tipos de dinossauros: o Troodonte, um carnívoro da família dos Tiranossauros; o Maiassauro, um herbívoro, e o Hipselossauro, um dinossauro de 8,2 metros que habitavam a Europa há 70 milhões de anos.
“Os dinossauros encontram-se, de um ponto de vista evolutivo, entre as aves, que são de sangue quente, e os répteis, que são de sangue frio “, disse Robin Dawson, coautor do estudo publicado na revista científica Science Advances, à CNN.
O método utilizado pela equipa de cientistas chama-se “paleotermometria isotópica agrupada” e baseia-se no facto de a ordem de átomos de oxigénio e dióxido de carbono de um fóssil de casca de ovo ser determinado pela temperatura. Assim que essa ordem é descoberta, é possível saber qual a temperatura corporal de um dinossauro fêmea. “ Os ovos, por se formarem dentro de dinossauros, são como termómetros antigos”, disse Pincelli Hull, do Departamento de Geologia e Geofísica da Universidade de Yale e coautor do estudo, à CNN.
As descobertas não ficaram por aqui – as amostras recolhidas sugeriram que as temperaturas do corpo dos dinossauros eram mais quentes do que o ambiente em que estavam inseridos. Por outras palavras, a espécie era endotérmica (capaz de gerar calor internamente), em oposição aos animais ectotérmicos, que dependem do calor do ambiente. “O que descobrimos indica que a capacidade de elevar metabolicamente as suas temperaturas acima da temperatura ambiente era uma característica antiga e evoluída dos dinossauros”, disse Dawson, ao site de notícias da Universidade de Yale.
“Compreender estes gigantes do reino terrestre está na vanguarda da ciência há séculos, é importante saber se o seu sangue era frio ou quente. Isso muda a forma como pensamos que eram ativos e como eles interagiam com o meio ambiente”, disse Pincelli ao mesmo canal televisivo.