No último ano, a Ferrari registou um aumento de 9,5% nas vendas da empresa, com lucros brutos de 3,76 mil milhões de euros. No total, foram vendidos mais 880 carros do que em 2018, ultrapassando-se pela primeira vez a marca dos dez mil automóveis vendidos. A Europa, o Médio Oriente e África revelaram-se mercados cada vez mais fortes no setor dos supercarros, e é aqui que a empresa tem vindo a reforçar a sua posição – em 2019, estas três regiões escoaram quase metade da produção da marca, representando um aumento de 15,8% no volume de vendas face ao ano anterior, e com tendência para crescer.
Esta evolução foi também acompanhada pelo aumento do número de vendas no mercado asiático, o segundo maior da empresa, que em 2019 cresceu 33%; a China representa um peso significativo nessa margem de vendas. O continente americano foi o único mercado que registou uma queda, na ordem dos 3,3 pontos percentuais.
No entanto, alguns investidores estão desanimados com estes resultados por considerarem que podem colocar em causa a exclusividade da marca, tal como as novidades que a empresa anunciou recentemente na produção de modelos mais “mainstream”, como o SUV Purosangue, previsto para 2021. “Os Ferraris deixaram apenas de ser carros super desportivos e super poderosos para se passarem a ter uma gama ampliada, incluindo grandes modelos com mais conforto para o uso diário”, anunciou Louis Camilleri, CEO da Ferrari, citado pela revista francesa Le Point.
Carlos Alberto Carnevale-Maffè, professor de estratégia da Universidade Bocconi, em Milão, disse à Agence France-Presse que o número de vendas da empresa continua limitado e que, por isso, a exclusividade não está comprometida. O professor entende o aumento do volume das vendas apenas como o resultado “da expansão do mercado Ferrari em todo o mundo, para a China e Índia, por exemplo”.
Impulsionada pelo recorde de vendas, a faturação anual da empresa também aumentou, embora o lucro líquido tenha caído para os €699 milhões, um pouco abaixo das expetativas dos analistas (€712 milhões). O mesmo aconteceu com a cotação da empresa na Bolsa de Milão, que assistiu a uma queda nos títulos ainda antes de terem sido divulgados os resultados de 2019.
No entanto, isto não foi suficiente para abalar a confiança da empresa que para este ano prevê um aumento dos lucros (brutos) para os 4,1 mil milhões de euros.
“Começámos 2020 com um bom momento, um excelente plano que será concluído com dois novos modelos ainda este ano” e “uma carteira de pedidos maior do que nunca”, garantiu Louis Camilleri. E acrescentou: “Além da qualidade dos seus produtos, a marca Ferrari tem uma excelente reputação e que não dependerá mais, como no passado, dos seus resultados desportivos, mas sim do seu estilo e posicionamento”.
Até 2022, a empresa prevê lançar 15 novos modelos. Aí à porta está já o primeiro modelo SUV da história da marca, que irá receber uma motorização híbrida de origem. Com as novas regras europeias, que obrigam os fabricantes de automóveis a reduzirem as emissões de CO2 dos veículos, esta é a primeira resposta apresentada pela Ferrari. Neste momento, a marca encontra-se a testar alternativas como o hidrogénio e os biocombustíveis e a preparar um modelo 100% elétrico.