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Neste momento, pedem-lhe apenas que descarregue, sem custos, a aplicação BatteryHub. Não precisa de acionar nada nem de carregar em algum botão – o que lá vai encontrar é meramente informativo, como a temperatura da bateria ou o ritmo de descarga. Mas, daqui a seis meses, quando a equipa de investigação tiver analisado todos os dados recolhidos, vai poder poupar muita bateria, recolhendo o investimento feito agora, e com juros. Pelo menos é o que se pretende deste estudo, que começou há dois anos e é coordenado pelo engenheiro informático João Paulo Fernandes. A sua equipa, que desenvolveu a iniciativa GreenHub, reúne investigadores da Universidade de Coimbra, Beira Interior e Federal de Pernambuco (Brasil), e foi financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.
“Não vamos anular o consumo de energia, mas propomo-nos conseguir que, com o mesmo tempo de carga, os nossos dispositivos móveis se mantenham vivos durante mais tempo”, explica o coordenador do estudo, que nesta fase está a angariar de voluntários.
Quem descarregar a aplicação – apenas disponível para Android, por uma decisão estratégica – passa a ter o seu telemóvel monitorizado, para que os investigadores compreendam quais os comportamentos que levam ao maior desgaste de bateria. Se o verbo monitorizar o assusta, saiba que a equipa garante não haver qualquer problema com a privacidade dos dados. “O que o nosso sistema faz é fotografar o estado do telemóvel sempre que há uma alteração na bateria.”
Os dados acerca da utilização naquele preciso momento (as aplicações que estão abertas ou se a geolocalização se encontra ligada, por exemplo) ficam assim registados e são enviados para uma nuvem desenvolvida especificamente para este projeto. João Paulo Fernandes revela mais pormenores da captura de dados, com o objetivo de acabar com as dúvidas: “Não recolhemos informação que permita identificar o utilizador, pois geramos um código alfanumérico aleatório. Ninguém pode pegar na amostra e perceber a quem ela corresponde.”
Desde dia 9 de outubro, já houve duas mil pessoas que investiram, sem medos, nesta fase do estudo, e geraram mais de 110 mil amostras de dados. “Daqui a uns meses, queremos retribuir esta ajuda com informações concretas e sugestões práticas, mostrando quais os bons e maus padrões de consumo”, diz o coordenador, a partir da Universidade de Coimbra. São juros acima de qualquer taxa de mercado, por isso aguardemos pelos resultados científicos, por enquanto com o telemóvel ligado à corrente.