Um novo estudo levado a cabo pelo University College de Londres descobriu que os filhos de pais menos controladores psicologicamente e mais cuidadores tendem a ser mais felizes e adultos mais satisfeitos. Por outro lado, os participantes cujos pais exerceram um controlo mais psicológico ao longo do seu crescimento, mostraram um bem-estar mental significativamente inferior. Os efeitos deste tipo de controlo, explicam os especialistas, eram, na verdade, semelhante ao efeito da morte recente de um familiar ou amigo durante o crescimento.
Mai Stafford, o autor responsável pelo estudo, explica: “descobrimos que as pessoas que têm pais calorosos e que mostram responsividade têm uma satisfação em viver elevada e mais bem-estar mental durante a infância, a adolescência e a vida adulta. Por contraste, o controlo psicológico está significativamente associado a uma menor satisfação pela vida, bem como um menor bem-estar mental. Os exemplos de controlo psicológico incluem não deixar os filhos tomarem as suas próprias decisões, invadir a sua privacidade e promover a dependência”.
Controlo comportamental
O controlo comportamental passa por estabelecer horários, definir tarefas e esperar a realização de algumas obrigações como os trabalhos de casa completos.
Este tipo de controlo foi determinado com base na discordância relativamente a frases como “deram-me tanta liberdade quanto desejei” ou “deixaram-me sair sempre que queria”. Embora isto possa parecer um controlo psicológico, não é – trata-se de estabelecer limites a certos comportamentos, mas não aos sentimentos.
Segundo a psicóloga Nancy Darling, este tipo de controlo diz também respeito às restrições comportamentais dos filhos em prol do bem de outros, embora o melhor seja mesmo depositar confiança nas crianças e esperar delas sempre o melhor e a capacidade para realizar as tarefas que lhes são pedidas.
Controlo psicológico
O controlo psicológico, por sua vez, passa por não permitir a privacidade ou as escolhas dos filhos e também fazer com que sintam que dependem constantemente dos pais.
Este tipo de controlo foi determinado com base na concordância com frases como “tentava controlar tudo o que fazia”, “tentava fazer com que me sentisse dependente dela/dele”.
Segundo a psicóloga Nancy Darling, este tipo de controlo passa também por dominar o estado emocional das crianças e as suas crenças. Estes pais usam a culpa para fazer com que os filhos sintam que não são amados se não fizerem o que pedem os pais. O essencial deste tipo de controlo é que interfere com o “eu”, a personalidade, da criança.
Segundo Mai Stafford, outros estudos confirmam que “se uma criança partilha um vínculo emocional seguro com os pais, será mais capaz de formar vínculos seguros na sua vida adulta. Uma educação calorosa e responsiva também promove o desenvolvimento social e emocional. Por outro lado, o controlo psicológico limita a independência das crianças e faz com que se tornem menos capazes de regular os seus comportamentos”.
Por isto tudo, o estudo sugere que mantenha o controlo comportamental sem interferir com a zona psicológica. Como? Preocupando-se. “Ouvindo e compreendendo os problemas e preocupações dos seus filhos” e “sendo afetivo e caloroso”.
A partir daí, pode estabelecer os limites que lhe parecerem apropriados, bem como ter expetativas e demonstrá-las. Mas procure explicar a razão pela qual estabeleceu aqueles limites e expetativas. Deixe-os falar e dê-lhes ouvidos. E saiba, explicam os investigadores, que pode controlar alguns comportamentos mas não pode controlar opiniões, por isso não tente fazê-lo.