O cancro mata hoje, em todo o mundo, mais de 12,7 milhões de pessoas por ano. E a tendência é para que este número continue a crescer.
A American Cancer Society e a publicação cientifica e clínica Lancet Studies apresentaram agora dados verdadeiramente chocantes sobre o aumento de diagnósticos de cancro da mama que quase duplicou, sobretudo entre as mulheres de países mais pobres.
Os dois relatórios alertam para um aumento exponenciado do número de mortes, causadas maioritariamente por cancro da mama, que estimam vir a rondar as 5,5 milhões de mortes por ano em 2030, o equivalente a toda a população de Singapura. Ou seja, um crescimento de 60% em menos de duas décadas, segundo uma análise da American Cancer Society, divulgada no último Congresso Mundial sobre Cancro que decorreu terça-feira (1 de novembro), em Paris.
Segundo estes dados, o grosso do número de mortes estará entre as populações de países mais pobres e será causado por cancros altamente fáceis de prevenir.
Sally Cowal é uma das vice presidentes da American Cancer Society, que realizou o relatório em parceria com a farmacêutica Merk, alertou : “a maioria das mortes deve ocorrer entre as mulheres adultas de meia idade” e representar um peso considerável nas famílias e nas economias nacionais.
Um outro relatório deste ano, publicado pelo jornal cientifico The Lancet, reforça esta tendência preocupante, ao prever que o número de mulheres com cancro da mama deverá quase duplicar – passando dos preocupantes 1,7 milhões casos registados em 2015 para 3,2 milhões em 2030. No caso do cancro do colo do útero, o artigo estima que o número de diagnósticos “cresça 25% até aos 700 mil” e que o crescimento incida sobretudo nos países mais pobres.
A cada ano e em todo o mundo, morre uma em cada sete mulheres vitima de cancro, segundo o relatório da American Cancer Society. Esta é a realidade considerando que todos os quatro cancros mais mortíferos – da mama, colo-rectal, do pulmão e do colo do útero – podem ser facilmente detetados a tempo de um tratamento efetivo. A falta de recursos é, assim, o problema mais evidente a resolver para inverter a tendência a nível mundial.
Apesar de a falta de diagnóstico conduzir a muito mais mortes, os casos de cancro nos países economicamente mais desenvolvidos também tendem a aumentar, em particular entre as mulheres, e estão frequentemente associados ao aumento da esperança média de vida e uma maior exposição a fatores de risco como a inatividade física, as dietas pouco saudáveis, a obesidade e fatores reprodutivos, como o adiamento da maternidade.
Recorde a entrevista de Fátima Cardoso, a oncologista e investigadora da Fundação Champalimaud, à VISÃO no passado mês de Outubro, em que disse: “Não vale a pena perguntar porquê. A questão será: Porque não? Morrer de cancro vai ser cada vez mais frequente.