Uma nova ferramenta para download, dirigida ao Facebook, é hoje notícia em Inglaterra, França ou Espanha. Ao descarregar este plugin, só disponível através do browser Google Chrome, os utilizadores conseguem aceder diretamente à informação que a rede social assume conhecer sobre cada um, ainda que numa zona meio escondida do site. Mas segundo a ProPublica, que criou a ferramenta, isso só levanta a ponta do véu. A organização jornalística americana sem fins lucrativos, dedicada a investigações de interesse público e já vencedora de dois Pulitzers (considerados os Oscares do jornalismo), sustenta que há muito mais sobre cada pessoa que a empresa de Mark Zuckerberg conhece e não revela nesse espaço.
“O Facebook também compra dados sobre os seus utilizadores relativos a hipotecas, carros e hábitos de consumo a alguns dos maiores operadores de informação comercial”, escreve a ProPublica, num primeiro artigo de uma série de outros que resultam de uma investigação de um ano, sobre o poder dos algoritmos usados por grandes companhias para ‘tirar o retrato’ dos potenciais clientes/utilizadores/consumidores.
Todas as informações recolhidas pelo Facebook, quer através de ações diretas dos utilizadores (gostos, comentários, partilhas, comentários…), quer as adquiridas a empresas que pesquisam e vendem dados pessoais, servem o propósito de definir públicos-alvos nas campanhas publicitárias. Na posse dos perfis dos quase dois mil milhões de utilizadores do Facebook, os anunciantes (cerca de quatro milhões) podem dirigir os seus produtos a quem sabem de antemão que pode estar interessado. Os anúncios que aparecem para cada utilizador são baseados neste conhecimento.
Só a primeira parte desta equação, porém, é reconhecida pela rede social. E numa área “enterrada bem fundo” no site, na expressão usada pela ProPublica, que acusa a rede social mais popular do mundo de catalogar os seus utilizadores de acordo uma grande variedade de dados pessoais. “Descobrimos que o Facebook oferece aos anunciantes mais de 1300 categorias como público-alvo – de pessoas cujas propriedades têm áreas inferiores a mil m2 a agregados familiares com exatamente sete cartões de crédito”, lê-se no artigo já citado, escrito a três mãos.
Com a ferramenta agora criada, a ProPublica não só facilita o acesso à informação que o Facebook admite ter sobre cada utilizador (na tal área meio escondida do site), como convida as pessoas a assinalar, um a um, se os interesses identificados pela rede social correspondem, de facto, à verdade. Mas a VISÃO indica-lhe o caminho para chegar a esses dados em cinco passos (ou cliques), sem ter que descarregar o plugin da ProPublica que vai dar à mesma página. Nela vai encontrar a lista de interesses que o Facebook guarda sobre si e o objetivo por trás dela, assim descrito: “Os nossos produtos de publicidade permitem que empresas e organizações se liguem às pessoas com maior probabilidade de terem interesse nos seus produtos e serviços. Acreditamos que os anúncios que vês (…) devem ser relevantes e úteis para ti.” O Facebook chama-lhe “otimização”, a ProPublica fala em “monitorização de comportamentos”.
Em seguida, mostramos os cinco cliques que deve realizar para conhecer as áreas de interesse que o Facebook associa ao seu perfil de utilizador, apenas com base na sua atividade na rede social. Os restantes dados pessoais que a ProPublica denuncia não se encontram disponíveis para consulta.
Uma vez na sua página pessoal de Facebook, siga estes passos: