O presidente argentino Mauricio Macri doou 16 milhões e 666 mil pesos (cerca de um milhão de euros) à Fundação Pontifícia Scholas Occurrentes, fundação apoiada pelo Papa Francisco e baseada numa organização semelhante fundada pelo Papa quando ainda era cardeal em Buenos Aires.
A 29 de maio, o Papa condecorou atores como Richard Gere, Salma Hayek e George Clooney pelas suas contribuições à fundação e por serem embaixadores da mesma. Foi nesse evento que o subsecretário de Culto argentino, Alfredo Abriani, aproveitou para anunciar que o país iria apoiar a organização, que se dedica à promoção da educação, da paz e da cultura entre os jovens. Nessa altura, o montante específico não foi revelado.
O gesto foi visto por muitos como uma forma de aproximar a relação entre o presidente argentino e o líder da Igreja Romana Católica.
Mas, segundo a publicação Vatican Insider do jornal italiano La Stampa, o Papa Francisco não ficou satisfeito com o valor. Primeiro, por ser uma quantia demasiado elevada numa altura em que a Argentina atravessa situação económica delicada. Segundo, porque o valor contém os números 666 (o número da besta, segundo a tradição cristã). O Papa pediu aos representantes da sede da fundação na Argentina que não aceitassem a doação, considerando-a uma piada de mau gosto. “Não gosto do 666”, escreveu o Papa na carta enviada a José María del Corral e Enrique Palmeyro, presidente e vice-presidente da fundação argentina.
Numa carta com data de 9 de junho, María del Corral e Palmeyro comunicaram ao governo de Mauricio Macri que não podiam aceitar a doação “considerando que há quem queria desvirtuar este gesto institucional feito do decreto de lei 16.698, com a finalidade de provocar confusão e divisão entre argentinos” e por isso, acharam por bem “suspender a contribuição económica não reembolsável destinada a cobrir os gastos com empregados, infraestruturas e equipamentos” na sede daquele país.